Título: Cabral leva Paes para o PMDB e irrita aliados
Autor: Menezes, Maiá e Lamego, Cláudia
Fonte: O Globo, 02/10/2007, O País, p. 9

Tucano trocará de partido amanhã para disputar prefeitura, provocando reação de Garotinho, Cesar e Picciani.

O secretário estadual de Turismo, Esporte e Lazer, Eduardo Paes, nem chegou, e o PMDB já está em guerra. Com a saída do PSDB e a filiação ao PMDB marcadas para amanhã, o candidato a prefeito de Sérgio Cabral criou embaraço no partido do governador. O presidente regional do PMDB, Anthony Garotinho, informou ontem que quatro peemedebistas vão entrar com pedidos de impugnação da filiação de Paes. O argumento é que o partido já decidiu apoiar o DEM do prefeito Cesar Maia nas eleições de 2008. Garotinho informou, por sua assessoria, que se mantém fiel à decisão tomada pelo diretório estadual, por 63 votos a oito, há um mês.

Cabral, que chegou a articular o apoio do DEM ao PMDB, desistiu da idéia ao ouvir do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que não queria ver o aliado ao lado de Cesar Maia nas eleições municipais. O presidente da Assembléia Legislativa e secretário-geral do PMDB, Jorge Picciani, também reagiu e divulgou nota ontem afirmando ser "totalmente contrário" à filiação de Paes ao partido. Paes, que deixará o PSDB, foi convidado por Cabral para ser candidato à Prefeitura do Rio. O PMDB, há um mês, decidiu se aliar ao DEM no estado, rumo a 2008.

"Que fique claro, no entanto, que essa divergência, natural do processo democrático, não será motivo para abalar minha amizade, lealdade e companheirismo com meu amigo Sérgio Cabral", diz a nota de Picciani, na qual ele reafirma o apoio à decisão tomada pela maioria do partido.

Cesar Maia disse ontem, por email, que o ato de Cabral pode ser apenas uma resposta à pressão do presidente Lula. "Quem sabe com isso (o convite de Sérgio Cabral a Paes) não elimina um candidato? Política se lê pelas entrelinhas. Talvez pressões federais exijam gestos estaduais", comentou o prefeito, reafirmando que o DEM será o cabeça de chapa na aliança com o PMDB no Rio: "Vencemos a eleição com a Denise em 2006 na cidade do Rio no primeiro turno e com ampla diferença sobre os demais - que não o Cabral. Vencemos em 1992. Vencemos em 1996. Vencemos em 1998. Vencemos em 2000. Vencemos em 2004. Se não fosse o episódio Elias Maluco dez dias antes das eleições de 2002, teríamos vencido no Rio-capital também em 2002. Venceremos em 2008 com o número 25 na cabeça."

Paes: reorientação da trajetória política

Em nota, Paes disse que está "reorientando" sua trajetória política e que atendeu a uma convocação de Cabral: "Saio do PSDB, partido que me acolheu com carinho e onde estabeleci relações políticas e pessoais profundas, para ingressar no PMDB, colocando-me à disposição do partido para as disputas políticas que estão por vir".

O deputado federal Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), também pré-candidato do partido a prefeito do Rio, disse que o convite de Cabral pode significar que o governador desistiu da aliança com o prefeito:

- O partido decidiu pela aliança, e não por abrir mão da candidatura própria. Vou disputar a convenção.