Título: ONU: São Paulo teve 1% dos homicídios do mundo
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Fonte: O Globo, 02/10/2007, O País, p. 13

Estado tem, porém, 0,17% da população do planeta, diz relatório; metade dos crimes no país ocorre no Rio e em SP.

O Estado de São Paulo foi responsável por 1% dos homicídios ocorridos em 2006 em todo o mundo, apesar de ter somente 0,17% da população do planeta. A informação consta do relatório do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Urbanos (Habitat-ONU), divulgado ontem, Dia Mundial da habitação.

O estudo, que inclui dados de 35 países desenvolvidos e em desenvolvimento, informa que o Brasil é o país em que a cultura do medo é mais forte entre as nações pesquisadas. Afirma que, em todo o Brasil, mais de cem pessoas são vítimas de armas de fogo diariamente, e que Rio de Janeiro e São Paulo respondem por metade dos crimes em todo o país. Também diz que 70 em cada cem brasileiros não se sentem seguros ao voltar para casa diariamente.

Segundo relatório, a população de São Paulo "explodiu" a uma taxa anual de 5% entre 1870 e 2000, e as "instituições civis foram incapazes de lidar com as demandas por serviços nas centenas de subdivisões (urbanas) que apareceram, onde os padrões do devido processo da lei são baixos ou não existentes".

Para os autores, a rápida urbanização da cidade provocou aumento de criminalidade. Dados mostram que, em 1999, São Paulo teve 11.455 assassinatos, cerca de 17 vezes mais que Nova York, onde aconteceram 667 homicídios. Entre 1940 e 1960, a população da capital cresceu 171%. No período, a migração do campo para a cidade fez a periferia metropolitana inchar 364%.

No Rio, índices de homicídios triplicaram desde os anos 70

Sobre o Rio, a informação do relatório é que os índices de homicídios triplicaram desde a década de 1970, enquanto em São Paulo o número quadruplicou. Em 2001, o Rio registrou taxa de homicídios de 45 para cada cem mil habitantes, acima da média latino-americana de 25.

Sete em cada dez moradores de cidades na América Latina já foram vítimas de crime, patamar semelhante apenas ao da África, segundo o relatório. O documento alerta para a expansão sem controle das cidades e a elevação das taxas de criminalidade em todos os países: entre 1980 e 2000, esses índices aumentaram 30%, passando de 2.300 para três mil crimes para cada 100 mil habitantes.

Populações pobres que vivem em favelas são as mais afetadas pela insegurança, incluindo cerca de 100 mil crianças de rua de cidades de todo o mundo. Tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, pesquisas de opinião demonstram que mais da metade dos cidadãos se preocupa com a violência durante "todo o tempo" ou "muito freqüentemente".

"A violência urbana e o crime estão aumentando em todo o mundo, causando medo generalizado e espantando os investimentos em diversas cidades", escreveu na introdução do relatório o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon. "Isto é especialmente verdadeiro na África, América Latina e Caribe".

Planejamento urbano e programas de segurança com a participação das comunidades são algumas das soluções para a violência destacadas pelo documento. Incapazes de lidar com as demandas por serviços urbanos e Justiça, as instituições civis foram "esmagadas pelo ritmo e o tamanho do crescimento populacional", diz o relatório.

Com agências internacionais