Título: Irritação de Sarney
Autor: Colon, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 28/03/2009, Política, p. 4

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ficou irritado ontem ao ser questionado sobre o trabalho em campanhas políticas da diretora de Comunicação Social da Casa, a advogada e jornalista Elga Mara Teixeira Lopes. Ele não esclareceu detalhes sobre o caso. A diretora, nomeada em 2003 por Sarney, tem se ausentado do Senado para se dedicar, como analista de pesquisa de opinião, a campanhas eleitorais, recebendo vencimentos da Casa . ¿Perguntem a ela. Para mim, ela não fez campanha política. No que se refere a ela estar na minha última campanha é totalmente errado¿, disse Sarney.

Já Elga afirma que trabalhou nas campanhas quando estava de férias e disse que apresentaria documentos. Mas não o fez, e não quis falar com a reportagem da Agência Globo nos últimos dias.

Na Diretoria de Recursos Humanos, não há registro de afastamento ou licença nesse período. Consta que Elga foi contratada no Senado em 28/2/2003 como secretária parlamentar e nunca foi desligada. Em 2004, trabalhou na campanha de João Paulo (PT) à Prefeitura de Recife. Em 2006, passou pela campanha do senador Delcídio Amaral (PT) ao governo de Mato Grosso do Sul; pelo Amapá, onde atuou na campanha de Sarney; e ainda no segundo turno da campanha de Roseana Sarney (PMDB) no Maranhão.E em 2008, contratada pela equipe do publicitário Kaká Colonesi, ficou dois meses em Manaus, na campanha do candidato a prefeito Omar Aziz (PMN). Pessoas que trabalharam com Elga nessas campanhas atestam que ela passou períodos de até dois meses nos locais. Com mestrado em pesquisa de opinião na França, ela tem fama no mercado nessa área. No Senado, já foi diretora da Secretaria de Pesquisa de Opinião Pública.

Filha de FHC Também ontem, o primeiro-secretário da Mesa do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), se recusou a dar entrevista sobre o trabalho de Luciana Cardoso, filha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, lotada em seu gabinete. Luciana declarou à Folha de S.Paulo, que o Senado ¿é uma bagunça e o gabinete é mínimo¿, por isso trabalharia em casa.

Na entrevista, Luciana conta que cuida de assuntos pessoais do senador e que seu trabalho é ¿inacabável¿. Ela se recusa a informar o salário e diz não saber se recebeu ou não horas extras em janeiro. A assessoria de imprensa do senador confirmou que Luciana é funcionária do parlamentar desde o início do mandato dele, em 2003. Entre as funções dela estaria a organização de documentos de Heráclito.