Título: Bovespa segue mercado americano e cai 0,52%. Dólar tem alta de 0,83%
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 03/10/2007, Economia, p. 24

Dados sobre setor imobiliário dos Estados Unidos puxam queda das bolsas.

RIO, BRASÍLIA e NOVA YORK. Um dia depois de bater recorde histórico, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou o movimento dos pregões americanos e fechou em baixa de 0,52% aos 62.017 pontos. O dólar, que caía há sete dias seguidos, encerrou em alta de 0,83%, a R$1,825, em meio às expectativas de que o Banco Central (BC) volte a fazer leilões da moeda no mercado à vista, que não acontecem desde 14 de agosto. Já o risco-Brasil recuou 2,86%, para 170 pontos centesimais.

Nos Estados Unidos, o mau humor entre os investidores começou no início do pregão, após serem divulgados dados negativos sobre o setor imobiliário americano e o anúncio de mais demissões no setor financeiro. Também pesou o fraco desempenho das vendas de automóveis em setembro. Porém, ao longo do dia, as quedas perderam intensidade. Assim, o Nasdaq acabou encerrando em alta de 0,22%. O Dow Jones, principal indicador da Bolsa de Nova York, fechou em baixa de 0,29%, e o S&P caiu 0,03%.

Ações de bancos voltam a subir depois de crise

Segundo Francisco Pessoa Faria, economista da LCA Consultores, o mercado já está absorvendo os impactos da crise no mercado imobiliário de hipotecas de alto risco (as chamadas subprime) dos EUA.

- O grande medo dos investidores ainda é que a crise no setor imobiliário afete a economia real. Mas os números indicam uma desaceleração suave dos EUA, o que acontece desde 2005. O dólar, que perdeu valor em relação às outras moedas, avançou um pouco hoje (ontem) - diz faria. Na Bolsa, o destaque foi o desempenho positivo dos bancos. As ações de Bradesco (+2,54%), Unibanco (+2,16%) e Itaú (+1,26%) lideraram as altas do Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas na Bolsa. Até 28 de setembro, segundo levantamento da Global Equity, os bancos tiveram ganhos de 24% na Bolsa, contra oscilação de quase 36% do Ibovespa. Carro-chefe da Bolsa, os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) da Vale caíram 1,52% ontem. Segundo analistas, o movimento de embolso de lucros foi considerado normal após as fortes altas das últimas semanas.

Nos EUA, a Associação Nacional dos Corretores de Imóveis (NAR, na sigla em inglês) informou ontem que as vendas pendentes de casas em agosto caíram 6,5% em relação a julho e 21,5% frente ao mesmo mês de 2006. O índice ficou em 85,5 pontos, o menor patamar desde que começou a ser apurado, em janeiro de 2001. A mínima anterior era de 89,8, registrada em setembro de 2001, logo após os atentados terroristas.

Já o banco Morgan Stanley anunciou corte de 600 vagas em sua área de financiamento imobiliário. Serão 500 demissões nos EUA e cem na Europa.

A crise do subprime atingiu o mercado de automóveis, ao afetar a confiança do consumidor e restringir a oferta de crédito. As montadoras registraram queda de 3% nas vendas, no total. As da Ford recuaram 21%, e as da Toyota, 4%. Já as da General Motors ficaram no mesmo patamar de agosto.

Ainda assim, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem acreditar que o pior da crise já passou:

- Acredito que a turbulência internacional está sob controle, não digo que acabou. Os bancos envolvidos com o subprime estão divulgando as perdas em seus balanços. Então, há ainda um processo de assimilação dos problemas dessa turbulência, mas o pior dela já passou, ela está sendo assimilada.

(*) Com agências internacionais e Henrique Gomes Batista