Título: Conversor de TV digital mais caro
Autor: Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 03/10/2007, Economia, p. 26

Fabricantes prevêem equipamento a R$700 este ano, mas tendência é de queda.

SÃO PAULO. A intenção do governo de que os conversores de TV digital chegassem aos consumidores por um preço máximo de R$200 no lançamento desse serviço no país não deve se concretizar. Os grandes fabricantes mundiais de televisores, que também irão produzir esses equipamentos, informaram ontem que, em dezembro, quando terão início as transmissões de TV aberta com tecnologia digital na cidade de São Paulo, os conversores não custarão menos de R$700.

Segundo as empresas, como o modelo brasileiro de TV digital incorporou inovações ao padrão japonês, será necessária a utilização de "componentes específicos" nos conversores. E os seus custos só serão reduzidos com a produção em larga escala desses equipamentos.

- Os conversores têm componentes especiais e não haverá volume no início das transmissões, que serão restritas à cidade de São Paulo. Por isso, o preço é alto assim - disse o presidente da Eletros, associação que reúne os fabricantes de televisores, Lourival Kiçula, ontem durante painel sobre TV Digital no Brasil, em São Paulo.

Segundo Kiçula, os preços dos conversores só cairão para algo próximo dos R$200 pretendidos pelo governo num prazo de cinco a seis anos. A menos, acrescentou, que o governo conceda isenção de impostos à importação de componentes.

Segundo a Eletros, as grandes fabricantes de televisores (Sony, LG, Philips, Samsung, Panasonic e Semp-Toshiba) dizem ter investido cerca de US$100 milhões no desenvolvimento de conversores para o padrão digital brasileiro. E cada um deles agora desenha sua estratégia para oferecer os equipamentos no mercado brasileiro.

Deniz Lozano Júnior, gerente de produtos da Semp-Toshiba, disse que a empresa lança em novembro dois modelos diferentes de conversores no Brasil: um básico, mais simples, que terá o mesmo padrão de definição dos DVDs (420 linhas) e saída de som estéreo; e outro, mais sofisticado, como imagem de alta definição (HDMI) e saída de áudio digital (dolby). Inicialmente, ambos os aparelhos serão importados. O básico deve custar cerca de R$700, mas o preço do mais sofisticado, certamente mais elevado, não está definido.

Já a Samsung informou que não lançará conversores, mas dois novos modelos de televisores de LCD já com esses equipamentos integrados. A Panasonic, de seu lado, ainda não chegou a uma versão final de seu conversor e ainda faz estudos de mercado.

E os custos ao consumidor para usufruir das inovações tecnológicas da TV digital não param aí. Para ter o sinal digital das TVs abertas em casa, ele ainda terá de pagar outros R$150 por uma antena externa de UHF.

Mesmo assim, tendo conversor e antena, o espectador terá de conviver com duas faixas negras, uma no alto e outra embaixo na tela, caso seu televisor não seja de LCD ou Plasma, que têm tela em formato de cinema (16 por 9, no jargão técnico).

O Fórum Brasileiro de TV Digital, que promoveu o evento de ontem, apresentou também as companhas publicitárias, que devem começar a ser veiculadas pelas redes nacionais de TV aberta hoje, anunciando a chegada das transmissões digitais no país.