Título: Secretaria extinta gastou R$1,4 milhão
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 04/10/2007, O País, p. 4

Em reunião com Mangabeira, Lula critica "ego intelectual" de ministros.

BRASÍLIA. Parlamentares de oposição criticaram ontem a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de recriar o cargo do ministro Mangabeira Unger e apontaram o que consideram abuso nos gastos da extinta Secretaria de Planejamento de Longo Prazo. O líder do DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS), denunciou que, em 90 dias de existência, a secretaria gastou em salários R$1,4 milhão.

O levantamento incluiu 124 nomes de cargos de confiança no nível DAS (Direção de Assessoramento Superior). Segundo o DEM, só Mangabeira recebeu, nesses três meses, de R$32,2 mil, com um salário de R$10,7 mil. Na lista do DEM, há assessores diretos de Mangabeira, como seu chefe de gabinete, e o ex-presidente do Ipea, Luiz Henrique Proença Soares.

Com a certeza de que terá o cargo recriado por decreto presidencial, Mangabeira participou ontem de solenidade no Planalto, ao lado de Lula e, à tarde, de uma sessão da Comissão de Meio Ambiente da Câmara. Mas continua evitando a imprensa. O decreto que recria o cargo pode ser publicado hoje.

Na reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, da qual participou Mangabeira, Lula criticou, sem citar nomes, o que chamou de "ego intelectual" de ministros que desenvolviam projetos sem pensar no governo como um todo.

- Havia uma coisinha aqui no Brasil ou, quem sabe, na cabeça das pessoas - quem sabe o Brasil nem tivesse tido culpa, porque nem soubesse que estava sendo feito - de cada ministro fazer o seu programa em função do pensamento da sua equipe. No fundo, era uma coisa do ego intelectual. Eu vou produzir o conhecimento que acumulei ao longo da minha vida, sem me importar com o que os outros vão estar pensando. (Cristiane Jungblut e Chico de Gois)