Título: Construtora atrás de dinheiro
Autor: Torres, Izabelle; Britto, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 28/03/2009, Política, p. 5

CONGRESSO

Em crise financeira, empresa responsável pela reforma de apartamentos funcionais da Casa tenta obter empréstimo para tocar a obra. Até agora a Mesa da Câmara repassou cerca de R$ 9,6 milhões

Canteiro de obras da Palma, na Asa Norte: construtora espera receber R$ 1 milhão do Banco do Ceará para tentar reformar os imóveis O destino da reforma dos 96 imóveis funcionais da Câmara depende agora do Banco do Ceará. Sem dinheiro para concluir a remodulação dos quatro blocos de apartamentos localizados na SQN 302, a empresa cearense Palma Engenharia somente poderá concluir a obra se receber R$ 1 milhão de empréstimo para pagar os funcionários e comprar material de construção. Ontem, representantes da empreiteira se reuniram com técnicos da Câmara e com um representante do banco com o objetivo de encontrar saída para a paralisação das reformas que já dura mais de dois meses.

Na próxima terça-feira o quarto-secretário, Nelson Marquezelli (PTB-SP), vai receber a resposta da empresa sobre o empréstimo e, a partir daí, decidir com a direção da Casa qual medida será adotada para dar continuidade à obra orçada em R$ 30,2 milhões.

A crise financeira da empresa já começa a render prejuízos aos cofres públicos. Além de não cumprir o prazo de conclusão, previsto para maio, a suspensão dos serviços fez com que alguns ajustes já feitos tivessem de ser novamente realizados. Isso porque as pastilhas recém-colocadas já começaram a cair e o novo piso da área externa está desgastado pela ação do tempo e do abandono pelos 200 funcionários sem salários.

A empresa argumenta que se o empréstimo for liberado e a Câmara repassar mais R$ 1,2 milhão referente à próxima etapa da reforma, será possível regularizar os salários dos funcionários e retomar as obras. Até agora a Câmara repassou à empresa cerca de R$ 9,6 milhões.

Atrasos e multas Desde o final do ano passado a diretoria da Casa tem enfrentado problemas com a construtora. O atraso nos pagamentos e o ritmo lento da execução dos serviços fizeram com várias multas fossem aplicadas pelo descumprimento do cronograma.

Nos bastidores, funcionários do setor de licitação comentam que desconfiaram da capacidade financeira da empresa e dos preços muito abaixo do mercado apresentados por ela durante o processo de seleção. Alegam, no entanto, que a mera desconfiança não era argumento suficiente para desclassificar a empreiteira.

A Palma tem entre seus diretores Heitor Studart, filho do ex-deputado federal Paulo Studart, parlamentar pela Arena e pelo PDS entre 1975 e 1983.