Título: Cúpula do PT decide insistir na Constituinte exclusiva
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 05/10/2007, O País, p. 9

REFORMA POLÍTICA: Partido fará eleições em dezembro.

Ricardo Berzoini, atual presidente, anuncia recandidatura.

SÃO PAULO. O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), anunciou ontem que vai disputar as eleições internas do partido, dia 2 de dezembro, pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), o antigo Campo Majoritário, que ainda detém a maioria do partido. A candidatura de Berzoini unifica a corrente, mas amplia a divisão interna. Pelo menos mais quatro grupos devem apresentar candidatos. Hoje o PT reúne o diretório nacional e lança a campanha pelo plebiscito por uma Constituinte exclusiva para a reforma política.

- Tomei a decisão de reconsiderar minha posição (de não se candidatar). Aceitei a colocação dos companheiros, para dar continuidade ao mandato - disse Berzoini.

Antes de anunciar a medida, Berzoini se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília. Lula preferia que a CNB lançasse seu assessor especial e vice-presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, que já havia concordado com a disputa. Berzoini enfrentou um longo desgaste com Lula, desde o escândalo dos "aloprados" - a compra de um falso dossiê contra políticos do PSDB em 2006, quando ele se afastou do cargo e foi substituído pelo próprio Marco Aurélio.

- Eu já tinha me decidido antes de conversar com o presidente. Mas é evidente que a palavra dele teve grande peso - disse Berzoini ontem.

Com a decisão de Berzoini e a retirada do nome de Marco Aurélio, o grupo Mensagem, ligado ao ministro da Justiça, Tarso Genro, terá candidato próprio:

- Não fechamos com Berzoini, porque defendemos a renovação. Com essa decisão, a CNB se fechou - disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), do Mensagem.

O PT promoveu um seminário interno para encaminhar as decisões de seu congresso, que pediu uma Constituinte exclusiva para a reforma política. O diretório deve votar hoje os encaminhamentos para a campanha pelo plebiscito que ouvirá a população sobre a proposta. A idéia é recolher mais de 1,3 milhão de assinaturas e conseguir levar a proposta ao Congresso Nacional.

O PT espera mobilizar mais de 400 mil de seus 950 mil filiados no próximo PED (Processo de Eleições Diretas). Em 2005, em plena crise do mensalão, 315 mil petistas votaram.