Título: Produção da indústria aumenta 1,3%
Autor: Barbosa, Flávia
Fonte: O Globo, 05/10/2007, Economia, p. 24

Setor de máquinas puxou expansão em agosto. Resultado surpreendeu.

RIO e SÃO PAULO. O desempenho da produção industrial brasileira em agosto superou todas as previsões. A alta de 1,3% frente a julho, conforme divulgou ontem o IBGE, ficou bem acima das expectativas dos especialistas, que apostavam em elevação próxima de 0,5%. Os outros números da Pesquisa Industrial Mensal também mostram o crescimento expressivo da produção, que já acumula alta de 5,3% no ano e de 4,5% nos últimos 12 meses. Em relação a agosto de 2006, a produção avançou 6,6%, taxa superior à expectativa de 5,5%.

O crescimento foi puxado pela produção de bens de capital (alta de 21% frente a agosto do ano passado e de 4% contra julho deste ano) - máquinas e equipamentos que ampliam a capacidade produtiva das empresas. Por isso, o coordenador de Indústria do IBGE, Silvio Sales, não acredita que o ritmo forte da produção indique aumento de inflação. Segundo o economista, os números mostraram crescimento generalizado na produção:

- Os investimentos estão andando num ritmo acima da indústria como um todo. Com a utilização da capacidade instalada elevada, mas estável, não há risco de pressões nos preços, diante do aumento da produção para fazer frente à demanda aquecida. Talvez em 2007 vejamos a produção crescer num ritmo maior que a inflação. Esse cenário só vimos em 2004.

O economista José Ronaldo Souza Júnior, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), calculou o consumo aparente de máquinas e equipamentos - que inclui a produção interna desses bens, menos o que é exportado, somado à importação desses mesmos produtos. A taxa alcançou 34,2%.

- Só a importação desses bens cresceu 49,3%. Até a exportação de bens de capital, mesmo com o câmbio desfavorável, está subindo.

A alta em agosto fez a indústria alcançar o maior volume produzido já registrado na série histórica, desde 2001. Segundo Sales, do IBGE, esse resultado é conseqüência do crescimento seguido por dez meses, com exceção de julho.

Produção de carros cresceu 10,6% no ano

Esse recorde já pode ser quebrado em setembro, se prevalecer no restante da indústria o ritmo ditado pelas montadoras de veículos. Novos recordes na produção e nas vendas de veículos em setembro fizeram a Anfavea, associação que reúne as montadoras, rever novamente suas projeções de aumento de vendas no mercado interno para o ano, de 22% para 25%. Elas devem atingir 2,45 milhões de unidades. A previsão é que a produção cresça 13,4% (e não 10%, como se esperava), o que representa cerca de três milhões de veículos.

De janeiro a setembro, foi licenciado 1,739 milhão de carros novos no país, 27,4% a mais do que no mesmo período de 2006. A produção em nove meses cresceu 10,6% e chegou a 2,18 milhões de unidades. Ambos os números são recordes históricos para o período.

- Um quarto a mais de mercado em um ano é um número bastante relevante - disse o presidente da Anfavea, Jackson Schneider.