Título: Máquina agrícola
Autor: Thomé, Debora
Fonte: O Globo, 06/10/2007, Economia, p. 36

Este ano, a venda de máquinas agrícolas deve crescer 40%. Segundo o IBGE, a produção desses bens de capital aumentou 100% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2006. Os números parecem exorbitantes, mas o que revelam é um processo de retomada do setor. Para se ter uma idéia, a John Deere, uma das maiores fabricantes de colheitadeiras do país, vendeu 6.000 unidades em 2004 e apenas 950 no ano passado.

- A boa notícia é que o mercado está reagindo. E no ano que vem deverá continuar assim - diz Paulo Herrmann, diretor de marketing da John Deere.

Ele explica que, em 2007, são os pequenos e médios produtores os que estão voltando a comprar maquinário. Eles estavam menos endividados que os grandes agricultores do Centro-Oeste do país. Esses só devem retornar com força ao mercado no próximo ano.

- Os grandes estão há três anos sem comprar. Em 2008, eles vão ter que voltar - acredita Herrmann.

No ano que vem, a área plantada no país deverá crescer de 7% a 10%. Mesmo assim, não se espera voltar ainda ao patamar de vendas de máquinas agrícolas de 2004.

A expectativa da Tendências Consultoria também é de que, em 2008, continuará tudo bem na agricultura, como mostra o gráfico. Para a venda de fertilizantes, que deve crescer 25% este ano, a estimativa é de que ela aumentará mais 8% no ano que vem. As exportações do agronegócio também tendem a subir bastante, cerca de 16%.

As commodities que o Brasil exporta têm aumentado muito seus preços. E não há indícios fortes de que isso mude tão cedo. Com a chegada dos biocombustíveis para compor o quadro, há uma enorme - e inevitável - pressão sobre os preços dos produtos do campo.

Um lado bom dos biocombustíveis: eles fortalecem o setor agrícola. Um ruim: os preços dos grãos vão lá para cima. Em dezembro, já se espera, por exemplo, um óleo de soja até 15% mais caro.