Título: Investimento de estatais deve bater recorde com projetos do PAC no ano
Autor: Tavares, Mônica e Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 06/10/2007, Economia, p. 36

Até agosto, empresas executaram 48,3% dos R$50 bilhões previstos.

BRASÍLIA. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) está puxando para cima os investimentos das estatais federais, que este ano devem bater recordes e se consolidam como principal caixa do governo nessa área. A expectativa do Ministério do Planejamento é que as estatais apliquem cerca de R$45 bilhões em 2007, alcançando o volume inédito de 90% dos investimentos previstos, que somam R$50,1 bilhões. Desde 2000, o volume estava na casa dos 80%. Entraves como problemas de licenciamento, falta de projetos ou pouco empenho político em tocar obras foram contornados pela inclusão de empreendimentos no PAC.

O otimismo oficial se fundamenta nos números do quarto bimestre, divulgados ontem pelo Departamento de Coordenação e Governança das Estatais (Dest). Eles mostram as empresas controladas pela União, como Petrobras, Eletrobrás e Infraero, investindo até agosto quase a metade do orçamento previsto para o ano. Nos primeiros oito meses de 2007, foram executados 48,3% do planejado, sendo que em junho esse montante estava em 35%. Comparando-se ao executado até o mesmo período de 2006, as estatais investiram 30% mais.

- O crescimento se deve ao PAC. Estamos trabalhando duro para acelerar os investimentos, e isso acontece nas estatais também - disse o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

Eletrobrás investiu, até agosto, 30% do previsto no ano

Mais de 95% dos investimentos realizados estão no setor de energia e petróleo. O grupo Petrobras, responsável pela maior parte dos recursos do PAC, continua sendo o principal investidor oficial. Até agosto, suas 22 subsidiárias tinham aplicado 54,8% de seu orçamento, o equivalente a R$21,3 bilhões.

Uma parte desses desembolsos está fora do PAC e se deve ao empenho da Petrobras em se consolidar no exterior. Para este fim, a execução chega a 92,5% do previsto. A Petrobras Netherlands, com sede na Holanda, por exemplo, já gastou 85% do que previu para 2007.

Em segundo lugar estão as empresas do grupo Eletrobrás, que, somadas, investiram R$1,725 bilhão, ou 30,6% do previsto. A expectativa é que esses investimentos deslanchem com o leilão da primeira usina hidrelétrica do Rio Madeira, previsto para novembro e do qual todas as subsidiárias do grupo participarão. Do total de investimentos, 72,6% foram de recursos próprios, o que, para o governo, mostra a situação invejável do caixa das empresas.

Em relação às agências financeiras públicas (Banco do Brasil, Caixa Econômica, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste), o volume de aplicação continua em ritmo acelerado, evidenciando o aumento do crédito na economia. Até agosto, foram aplicados R$284,4 bilhões, 62% do total previsto para o ano.