Título: Outros estados alteram matriz energética
Autor: Melo, Liana
Fonte: O Globo, 07/10/2007, Economia, p. 34

Modelo já foi adotado por 12 fábricas de cerâmica no Pará.

PALMAS, Tocantins. Não é só Tocantins que está adotando uma mudança de matriz energética no setor de cerâmica. O presidente do Instituto Ecológica, Stefano Merlin, já percorreu, no último ano, 17 municípios no entorno do Arco do Desmatamento (região da Amazônia Legal), para replicar a experiência em outras empresas do setor. Somente no Pará, o modelo já foi adotado por 12 fábricas de pequeno e médio portes. Outros estados que estão aderindo são Rio Grande do Norte, Ceará, Rondônia, Alagoas e São Paulo.

Merlin está convencido de que a adesão das empresas de cerâmica pode melhorar o desempenho do Brasil no mercado de carbono. O país vem perdendo espaço para a China e a Índia. Dos 2.382 projetos no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), do Acordo de Kioto, o Brasil detém 10%, enquanto a China e a Índia dominam, com 31% e 30%, respectivamente. No começo do ano, o Brasil detinha 30%.

Como o desmatamento é considerado a segunda maior fonte de emissão de gases de efeito estufa que provocam a mudança do clima, Merlin está convencido de que a troca da matriz energética em Tocantins pode contribuir para reduzir os reflexos do aquecimento global regionalmente. O efeito da mudança do clima na região já é evidente: as chuvas estão mais intensas e a estiagem, mais longa.

Além do mais, como o desmatamento vinha atingindo uma velocidade de cruzeiro, em cinco anos, calcula Merlin, as empresas de cerâmica local entrariam em colapso financeiro, já que a madeira estava ficando cada vez mais distante e cara. (Liana Melo, enviada especial)