Título: Analistas esperam alta nos preços de ações
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 07/10/2007, Economia, p. 37

Papéis de Petrobras e Vale do Rio Doce devem ser beneficiados.

BRASÍLIA. Fazer um cálculo exato do potencial de atração que o país terá depois que melhorar a sua nota é um trabalho delicado, porque há muitas variáveis em jogo. Entre elas, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

- Estamos falando de trilhões de dólares (disponíveis nos fundos) - resumiu o vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Luiz Fernando Resende.

Além da queda da barreira legal para os fundos de pensão estrangeiros, há fatores concretos para aumentar o apetite dos investidores. As ações das empresas brasileiras, no cenário de crescimento sustentável e de preços internacionais em alta, devem se valorizar.

Segundo Marcelo Villela, diretor da Quest Investimentos, papéis ligados ao setor de commodities devem valer entre 10% e 20% mais em seguida à reclassificação. Neste caso estão ações de pesos-pesados como Petrobras e Companhia Vale do Rio Doce.

Resende chama atenção ainda para o fato de que o Brasil tem hoje melhores expectativas econômicas do que outros países emergentes, como Chile e México, que também têm a melhor nota de risco.

Taxa de câmbio também deve ser afetada

Em relação ao capital voltado ao setor produtivo (aquisições, ampliações, novas unidades etc), o potencial é ainda maior. Estudo inédito da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet) com nove países emergentes que receberam o grau de investimento mostra que, nos dois anos posteriores à mudança da nota, a entrada de investimentos estrangeiros diretos (IED) subiu 174% em média.

O presidente da entidade, Luís Afonso Lima, acredita que, no Brasil, o movimento será semelhante:

- No Brasil, o volume de entrada de IED é muito maior, por isso não dá para imaginar triplicá-lo depois do investment grade. Mas dá para imaginar algo como 100%, ou pouco mais, chegando a aproximadamente US$36 bilhões a mais por ano só em IED.

Com mais recursos do exterior, abre-se espaço para mudanças na taxa de câmbio, mantendo o real fortemente valorizado frente ao dólar. Hoje, a moeda americana está próxima de R$1,80. Alguns economistas acreditam que os reflexos possam ser sentidos na balança comercial. O superávit (exportações menos importações) deve encolher devido ao aumento das compras no exterior. Segundo a pesquisa Focus, do Banco Central, a expectativa de saldo comercial para 2007 está em US$42 bilhões e para 2008, em US$35 bilhões. (Patrícia Duarte)