Título: Mônaco pode decidir sobre o caso Salvatore Cacciola semana que vem
Autor: Duarte, Fernando
Fonte: O Globo, 09/10/2007, Economia, p. 27

Principado quer agilizar análise da extradição para tirar proveito político.

LONDRES e BRASÍLIA. O governo de Mônaco poderá se pronunciar na semana que vem sobre a situação de Salvatore Cacciola, cuja extradição foi oficialmente pedida pelo Brasil no último dia 3. Segundo um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do principado, o Tribunal de Recursos monegasco já está analisando o caso do ex-banqueiro. Sexta-feira passada, Cacciola teve sua prisão provisória estendida até o dia 28, por ordem de um juiz de instrução, que também negou o pedido de libertação feito pelo advogado Frank Michel.

Inicialmente, o diretor de Serviços Judiciário de Mônaco, Philippe Narmino - cujo cargo é o equivalente ao de ministro da Justiça -, dissera que a decisão sobre o pedido de extradição deveria ser anunciada em meados de novembro. No entanto, o caso do ex-dono do Banco Marka também tem seu viés político no principado, que pretende usar Cacciola como um exemplo do compromisso de Mônaco com o combate a crimes de colarinho branco.

Se voltar ao Brasil, Cacciola será escoltado pela PF

Ainda segundo o porta-voz, uma possível extradição de Cacciola seria executada em questão de dias, não de semanas, caso o Tribunal de Recursos aceite o pedido do Brasil. Embora em termos protocolares a decisão final sobre o destino do ex-banqueiro caiba ao príncipe regente de Mônaco, Albert II, historicamente, os soberanos monegascos ratificam as decisões do Judiciário.

- Não há motivos para que o caso passe do dia 28, muito menos por questões de tramitação entre o tribunal e o príncipe. É razoável acreditar que uma decisão poderá ser tomada entre 15 e 22 de outubro - disse a fonte.

Mônaco também se pôs à disposição para ajudar na logística de um eventual retorno de Cacciola, em especial junto ao governo francês, uma vez que a passagem do ex-banqueiro pelo país teria de ser autorizada por Paris.

Segundo informações preliminares do Ministério da Justiça no Brasil, caso o pedido de extradição seja aceito, Cacciola pegará um vôo de carreira de Mônaco para Paris, escoltado por um agente da Polícia Federal (PF), ligado à Interpol. De lá, os dois seguirão para o Brasil. A tendência é que Cacciola fique no Rio, onde foi decretada sua prisão.