Título: A quebra de decoro perdoada
Autor: Vasconcelos, Adriana e Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 10/10/2007, O País, p. 3

Revista com Mônica Veloso nua esgotou cedo em banca dentro do Congresso.

BRASÍLIA. Motivo de dor de cabeça para Renan Calheiros, a jornalista Mônica Veloso fez ontem a alegria de uma legião de parlamentares, assessores e seguranças do Congresso. Eles fizeram fila para comprar a edição da "Playboy" que, depois de quatro meses de escândalo, revelou ontem a nudez da morena de 39 anos que pôs o peemedebista na berlinda. A procura foi tanta que às 17h30m, meia hora antes de cerrar as portas, a banca da chapelaria do Congresso - entrada mais usada para os prédios principais - havia vendido todos os cem exemplares que encomendou. Até adversários ferrenhos do peemedebista fizeram graça para elogiar o ensaio.

- Por essa quebra de decoro, o Renan seria absolvido - brincou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), instantes antes de bater boca com o colega no plenário.

As fotos começaram a circular pelos corredores logo após as 10h.

- Vamos comprar agora mesmo, se não esgota - apressava-se o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN).

Eduardo Suplicy (PT-SP) foi previdente: garantiu seu exemplar ainda no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, antes de embarcar para Brasília. Ele confessou ter ficado encabulado diante da jornaleira:

- Falei para a moça: "Posso fazer uma pergunta indiscreta? Já saiu a revista da Mônica?".

Missão cumprida, o petista guardou a revista ainda embalada na maleta, para "não se desconcentrar" do estudo de um parecer sobre a Lei das Licitações. Jurou que abriria o pacote até o fim do dia, mas não quis revelar as primeiras impressões sobre a morena.

No fim da tarde, o ensaio já passava de mão em mão no plenário da Câmara - embora deputados mais discretos, como o petista José Rocha (PR-BA), preferissem folhear a revista sob a bancada. Há 13 anos na banca da chapelaria, o jornaleiro José Erinaldo Pereira comemorava o lucro atípico para quem não costuma vender mais de 30 exemplares da revista por mês. No início da tarde, quando os compradores ainda recorriam ao truque de esconder seu exemplar entre jornais e revistas de automóveis, arriscou uma análise:

- Ninguém quer abrir na frente dos fotógrafos. Sabe quando o cachorro pega o osso e vai comer no cantinho do jardim?

Os seguranças do Senado demonstraram menos senso de humor. Quando Renan desembarcou do carro oficial, a cerca de dez metros do mostruário ainda repleto de revistas, eles estacionaram uma caminhonete em frente à banca, para evitar que o chefe fosse fotografado com a imagem da ex-amante ao fundo.

No dia em que mostrou como veio ao mundo, Mônica sofreu um revés na Justiça. Em decisão publicada ontem, a 2ª Vara Civil do Distrito Federal determinou que ela pague R$50 mil à sua ex-sócia em uma produtora de vídeo, uma publicitária cujo nome não foi divulgado. O advogado de Mônica, Pedro Calmon, acusou a ex-sócia da jornalista de tentar se aproveitar da visibilidade da cliente. No despacho, o juiz Jansen Fialho de Almeida fixa prazo de três dias para o pagamento, que seria referente a cotas reclamadas pela publicitária.

COLABORARAM Adriana Vasconcelos e Alan Gripp