Título: PSDB e DEM, com partidos da base, fazem 5ª representação contra Renan
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 10/10/2007, O País, p. 4

CONFRONTOS NO CONGRESSO: Presidente do Senado disse que afastará assessor.

Oposição e aliados ameaçam obstruir as votações se ele não deixar o cargo.

BRASÍLIA. Os presidentes do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e do Democratas, deputado Rodrigo Maia (RJ), protocolaram ontem a quinta representação contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O novo processo, que ainda terá de ser analisado pela Mesa Diretora antes de ser encaminhado ao Conselho de Ética, pede a investigação da denúncia de que Renan teria usado um assessor da presidência, o ex-senador Francisco Escórcio, para espionar os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO).

Desta vez, porém, a oposição conseguiu o apoio prévio de senadores de pelo menos quatro partidos da base governista - PT, PDT, PSB e PMDB -, dispostos a participar de um processo de obstrução sistemática dos trabalhos nas comissões e no plenário, caso a nova representação e as outras três que já tramitam no Conselho não sejam votadas até 2 de novembro.

"Neste caso, também sou vítima", diz Renan

A nova denúncia provocou bate-boca no plenário. Renan anunciou que afastará Escórcio do cargo - embora muitos senadores tenham pedido sua demissão - e negou qualquer tentativa de espionagem:

- Tenham certeza de que jamais fui ou serei autor de iniciativas repugnantes, tão sombrias e tão sórdidas. Neste caso, também sou vítima.

- Se até 2 de novembro todos esses processos não forem julgados, vamos obstruir por completo os trabalhos do Senado - afirmou Tasso, após reunir 19 senadores, em seu gabinete.

Além de quase toda a bancada tucana, compareceram ao encontro os líderes do DEM, José Agripino (RN), do PSB, senador Renato Casagrande (ES), e do PDT, Jefferson Peres (AM), além dos petistas Aloizio Mercadante (SP) e Eduardo Suplicy (SP), Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Simon (PMDB-RS) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Todos saíram convencidos de que não há mais clima para Renan permanecer no comando do Senado. Os únicos que admitiram não falar em nome da bancada foram Mercadante e Suplicy.

- Mercadante e Suplicy ficaram de levar a nossa posição à bancada do PT, mas acreditam que a maioria apoiará a decisão - disse Tasso.

Mercadante contou, após a reunião, que já havia conversado com os 11 senadores petistas e que todos concordavam que a melhor alternativa seria a saída de Renan da presidência. Em discurso ontem no plenário, porém, a líder Ideli Salvatti (PT-SC) disse que o partido não fechará questão em relação aos novos julgamentos de Renan, mesmo que cada um dos representantes da bancada tenha convicção de que seria melhor ele se licenciar do cargo de presidente.

- Há um sentimento crescente de que o afastamento do senador Renan daria melhor andamento aos trabalhos do Senado. Não adianta tapar o sol com a peneira. Mas, em nenhum momento, como líder, tomei a iniciativa de levar a bancada a tomar uma decisão A ou B. Esse é um tipo de coisa que não se pode impor a ninguém - disse a líder petista no plenário.

O presidente do Conselho, Leomar Quintanilha, pretendia anunciar ontem o relator da terceira representação contra Renan, a que investiga a denúncia de que ele teria usado laranjas na compra de uma rádio e um jornal em Alagoas. Ele admitiu que pode convidar Jefferson Peres (PDT-AM) para a tarefa.