Título: Planalto teme por CPMF com crise no Senado
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 10/10/2007, O País, p. 8

CONFRONTOS NO CONGRESSO: Líderes aliados contabilizam defecções na base e esperam por votos da oposição.

Apesar da tensão crescente, que pode inviabilizar votação, Lula não dá sinais de que vá agir pela saída de Renan.

BRASÍLIA. O clima de confronto no Senado com a série de denúncias contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), é motivo de preocupação no Palácio do Planalto, que teme prejuízos no cumprimento de prazos para a votação da CPMF. Além do acirramento da crise nos últimos dias, o governo contabiliza defecções na bancada aliada e vai depender de votos da oposição para aprovar a prorrogação da contribuição.

O próprio líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), em conversas com assessores diretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem manifestado preocupação. Mas Lula não deu sinais claros de que vá interferir pedindo o afastamento de Renan do comando da Casa.

Para o Planalto, o desfecho do caso Renan é imprevisível, e, qualquer que seja o resultado, vai dificultar a articulação governista no Senado. Além do próprio presidente, que já se reuniu com vários senadores, e de Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), outros ministros, como Guido Mantega (Fazenda), negociam a CPMF no Senado.

Pedido a governadores que renegociam dívidas com União

Mantega tem aproveitado sua boa relação com os governadores que dependem de renegociação de dívidas com a União para pedir ajuda. O argumento é que a CPMF é fundamental no equilíbrio das contas do governo federal e tem impacto nos repasses para os estados.

O governo tem aliados na oposição, como o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), e conta com a simpatia de governadores que pretendem disputar a Presidência, caso dos tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG).

Os líderes governistas trabalham com a possibilidade de perder sete votos entre os aliados, incluindo Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Simon (PMDB-RS), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), Mão Santa (PMDB-PI) e Cristovam Buarque (PDT-DF). Mas esperam o voto dos senadores Edison Lobão (MA) e Romeu Tuma (SP), que se filiaram a partidos da base, Jonas Pinheiro (DEM-MT), Jayme Campos (DEM-MT), Antonio Carlos Magalhães Jr. (DEM-BA), César Borges (PR-BA), Adelmir Santana (DEM-DF) e Rosalba Ciarlini (DEM-RN).