Título: CGU manda Infraero demitir funcionários
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Fonte: O Globo, 10/10/2007, O País, p. 12

Servidores foram acusados de fraudes em contratos.

BRASÍLIA. O ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, determinou ontem a demissão dos ex-diretores da Infraero José Wellington de Moura, Fernando de Almeida Brendaglia, Adenauher Figueira Nunes e de mais três funcionários do alto escalão da empresa. Os seis são acusados de envolvimento na contratação irregular da FS3 Comunicação, empresa encarregada de gerenciar a exploração da propaganda nos aeroportos brasileiros. Com as supostas fraudes, a Infraero teria sofrido prejuízo de cerca de R$280 milhões desde 2003.

Os seis servidores já estavam afastados de suas funções desde o início das investigações do caso pela Controladoria Geral. Agora, deverão ser demitidos por justa causa.

- O mais importante é que aplicamos uma pena exemplar. Até agora, 1.400 servidores já foram demitidos nestas condições nos últimos cinco anos - afirmou Hage.

No mesmo despacho, o ministro fez uma advertência contra outros quatro funcionários da Infraero que colaboraram com as supostas irregularidades. As ordens de demissão e de advertência serão expedidas hoje para a presidência da Infraero. A instituição tem um prazo de cinco dias para cumprir as recomendações. Hage decidiu pela demissão e advertência dos dez servidores da Infraero a partir da conclusão de uma investigação solicitada pelo ex-ministro da Defesa Waldir Pires no auge da crise aérea.

Funcionário simulou existência de pesquisa

Segundo nota divulgada pela CGU no início da noite, o ex-diretor comercial Fernando Brendaglia simulou a existência de uma pesquisa em 2003 para induzir a diretoria executiva da Infraero contratar a FS3. Ele teria deixado de mencionar a existência de sistemas de gerenciamento de publicidade de aeroportos em outros países. Com isso, a FS3 aparecia como única empresa no mercado a atender os interesses da Infraero.

Num segundo momento, o ex-diretor Financeiro Adenahuer Nunes teria, deliberadamente, ignorado as falhas no processo para, a partir daí, facilitar a contratação da FS3. José Wellington, outro diretor comercial, foi acusado de devolver ilegalmente as garantias contratuais oferecidas pela FS3. Hage decidiu demitir ainda a ex-superintendente comercial Márcia Gonçalves Chaves, a ex-gerente de Desenvolvimento Mercadológico Mariângela Russo e Mário de Ururahy Macêdo Neto.

A FS3 Comunicação foi contratada por R$26,8 milhões pela Infraero para gerenciar a exploração dos espaços publicitários nos aeroportos brasileiros. A atividade poderia render R$100 milhões à Infraero a cada ano. Mas, segundo a CGU, a Infraero estava recebendo apenas R$30 milhões anuais.