Título: Contradições em depoimentos de Silas e assessor
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 10/10/2007, O País, p. 13

Ministra do STJ, no entanto, não confirma denúncia de propina.

BRASÍLIA. A ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), afirmou ontem que existem contradições entre os depoimentos prestados a ela pelo ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau e por seu ex-assessor Ivo de Almeida Costa. Silas foi acusado pela Polícia Federal, na Operação Navalha, de ter recebido R$100 mil do empreiteiro Zuleido Veras, dono da Gautama. Eliana Calmon disse, porém, que ainda não é possível dizer se Rondeau recebeu propina, como sustenta a PF.

- Não foi possível ainda formar juízo - afirmou a ministra, depois de participar da solenidade de posse do delegado Paulo Lacerda na direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Silas e Almeida prestaram depoimento a Eliana Calmon no final de maio. O ministro disse que teve apenas um encontro com Zuleido Veras, em Mato Grosso. Almeida declarou que Zuleido participou de pelo menos uma reunião com Silas no gabinete do ex-ministro, em Brasília. A ministra é relatora do caso no STJ. Caberá a ela decidir se acolhe ou não a denúncia que o Ministério Público Federal está preparando contra o suposto esquema de suborno que teria sido montado por Zuleido para direcionar licitações e fraudar obras públicas.

MP ainda não decidiu se denunciará Silas

O Ministério Público ainda não decidiu se incluirá ou não Silas na lista de acusados, preparada inicialmente pela Polícia Federal. A decisão é considerada fundamental para o destino político do ex-ministro. Para aliados do ex-ministro dentro e fora do governo, Silas deve ser reconduzido ao cargo, caso o Ministério Público o mantenha fora da denúncia.

As subprocuradoras regionais da República Célia Regina Delgado e Lindôra Araújo avisaram a ministra Eliana Calmon que deverão concluir a denúncia ainda este mês. Pelo menos 52 pessoas foram investigadas por suposto envolvimento com Veras.

- Pelo que soube, o Ministério Público está tendo dificuldades para fazer a denúncia diante da quantidade e das diferenças de atuação dos investigados - disse Eliana Calmon.