Título: Investimentos da Espanha se multiplicam no Brasil
Autor: Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 10/10/2007, Economia, p. 27

INFRA-ESTRUTURA EM FOCO: Só este ano, foi U$1,6 bilhão.

Santander, Telefónica e Ampla estão sob controle espanhol.

A primeira investida veio na década de 90, nas privatizações de telefonia, do setor elétrico e dos bancos estatais. Agora, novamente, os espanhóis voltam a figurar entre os maiores investidores estrangeiros no Brasil. Numa mesma semana, o Santander se tornou o segundo maior banco privado do país - ao adquirir, no exterior, o holandês ABN Amro, dono do Real no Brasil - e o grupo OHL levou o filé mignon das rodovias oferecidas pelo governo no leilão de ontem.

A presença da Espanha se espalha por setores tão variados quanto exploração de petróleo (com a Repsol YPF) e edição de livros (em marcas como Santillana, Planeta, Oceano e Edições SM). Uma recente tacada foi a transferência, em janeiro, do carioquíssimo hotel Le Méridien, até então sob administração do grupo americano Starwood, para as mãos do espanhol Iberostar.

Estoque de investimentos passa de US$14 bilhões

Só este ano, até agosto, a Espanha destinou US$1,6 bilhão em recursos produtivos ao Brasil, alçando-se assim ao posto de quarto maior investidor direto no país. No ano passado, foi mais US$1,5 bilhão. O que se somou ao estoque de investimentos espanhóis no Brasil de US$14,2 bilhões até 2005.

- Há um excesso de capitais na Espanha e é natural que os investidores procurem países emergentes que estão crescendo, como o Brasil - afirma Luís Afonso Lima, presidente da Sobeet, entidade que reúne empresas transnacionais no país. - Até por questões culturais, a América Latina, incluindo o Brasil, é muito mais próxima da Espanha do que os países da Ásia. Aqui, é um terreno mais conhecido para os espanhóis. E a perspectiva de que o país vire investment grade é um atrativo a mais - acrescenta.

Ele explica que a Europa tem conseguido se isolar do desaquecimento da economia americana, apresentando um crescimento razoável. Especificamente na Espanha, o clima é de euforia. Desde 2003, a economia cresce acima de 3% ao ano - taxa elevada para um país desenvolvido.

- Os contatos que temos na Espanha nos dizem que o país está no melhor momento dos últimos 30 anos - conta Lima.

Para o Brasil, o rescaldo desse vigor econômico veio na forma de investimentos de empresas que, em muitos casos, se tornaram pesos-pesados em seus setores. Os espanhóis são donos, aqui, do grupo Telefónica (de telefonia fixa em São Paulo e que tem participação na Vivo), da Ampla (controlada pela Endesa) e da CEG (sob controle da Gas Natural). E vão completar agora sua participação na infra-estrutura brasileira com a concessão das rodovias leiloadas ontem.