Título: Morte a caminho de casa
Autor: Baldissarelli, Adriana
Fonte: O Globo, 11/10/2007, O País, p. 10
Caminhoneiro tentava ajudar vítimas.
DESCANSO (SC). Quando viajava, o caminhoneiro Nestor Dalpian, de 51 anos, costumava telefonar todas as noites para a família, que mora em Encantado (RS). Mas a mulher, a auxiliar de escritório Laudete Morchel Dalpian, de 45 anos, achou estranho ele não ter feito contato na terça-feira. Ela só foi receber uma ligação do celular de Dalpian por volta das 2h30m de ontem. Porém, desta vez não era ele. Um estranho que tinha encontrado o aparelho na BR-282 informou que o caminhoneiro poderia ser uma das dezenas de vítimas. Primeiro, a família pensou que fosse trote.
¿ Depois disso ligamos para os tios da Laudete, que moram lá, e descobrimos que era tudo verdade. Por volta das 6h ficamos sabendo que ele havia morrido ¿ contou o cunhado do motorista, Celto Dalla Vechia, de 60 anos.
Dalpian tinha saído de casa no domingo para entregar uma carga de condimentos em Medianeira (PR). Na terça-feira, ele estava retornando a Encantado quando ficou preso no engarrafamento do primeiro acidente. O caminhoneiro foi ajudar no resgate dos acidentados do ônibus. No momento em que ele entregava o extintor de incêndio de seu caminhão para um bombeiro, todos foram atropelados pela carreta desgovernada que provocou o segundo acidente. Morreu no local.
Dalpian estava aposentado, mas seguia na profissão como autônomo. Além da esposa, deixa dois filhos: Tatiane, 26 anos, e Giovani, 22 anos. Na gestão 2004/2005 ele foi presidente da comunidade católica São Carlos, responsável pelo preparo dos alimentos no evento mais importante de Encantado, a Suinofest. Nestes dois anos liderou a turma de voluntários que trabalhou na cozinha da festa. Há oito anos ele fazia parte do grupo que em janeiro canta o terno de reis na comunidade.
¿ Ele era uma pessoa com muito bom relacionamento. Morreu fazendo algo de que ele gostava, que era ajudar as pessoas ¿ disse o agricultor Admir Lorenzon, 54 anos.
Da Agência RBS