Título: Aliados negociam com Lula uma saída para Renan
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 11/10/2007, O País, p. 11
CONFRONTOS NO CONGRESSO: Pela primeira vez, presidente do Senado teria admitido articular solução para impasse.
Presidente foi alertado de que não há clima no Senado para a votação da CPMF com o peemedebista no cargo.
BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, avisado ontem de que são grandes as dificuldades para aprovar a CPMF no Senado, deu sinal verde para que seus operadores políticos solucionem o impasse envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Numa reunião no Palácio do Planalto, Lula ouviu do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que seria impossível votar a CPMF este ano com a permanência de Renan no cargo. Vários emissários conversaram com Renan durante todo o dia de ontem e, pela primeira vez desde que foi absolvido em plenário, dia 12 de setembro, ele deu sinais de que poderia negociar uma solução para salvar o mandato.
Do Planalto, Jucá voltou para o Senado, onde começou a executar a missão que lhe foi confiada por Lula. No fim do dia, o cenário mais provável seria o afastamento temporário de Renan do cargo. Mas o presidente do Senado queria assegurar garantias de que manteria o mandato.
"Renan está refletindo sobre uma saída política"
No início da noite, Jucá e líderes da oposição reuniram-se no gabinete do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM). Também participaram do encontro o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), além do governador Teotônio Vilela (PSDB-AL), amigo de Renan.
- Pela primeira vez, Renan está refletindo sobre uma saída política. Pelo menos, agora, ele está conversando - disse Teotônio Vilela, um dos políticos escalados para encontrar uma solução, que almoçou com Renan em seu gabinete.
Oficialmente, Lula evita entrar na crise política do Senado. Mas, nos bastidores, passou a atuar de forma pragmática, visando à aprovação da CPMF. Pouco antes do almoço, às 12h40m, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, levou Romero Jucá para um encontro com o presidente, no terceiro andar do Planalto. Por mais de meia hora, Jucá desenhou um quadro preocupante para o governo. Disse que o ambiente no Senado estava completamente deteriorado.
Jucá advertiu que, se não conseguissem baixar a poeira no Senado, seria impossível votar até dezembro a prorrogação da CPMF. Mostrou que havia dificuldades em todos os partidos. Ponderou que Renan não escaparia se houvesse nova votação de um processo de cassação. Isso porque perdeu o apoio do PT e até mesmo de parte do PMDB. O Planalto trabalha com o feriado de Nossa Senhora Aparecida, amanhã, para acalmar os ânimos e encontrar uma solução definitiva.
- Minha missão é construir uma solução para retomar a pauta de votações - limitou-se a dizer Romero Jucá.