Título: Relatora, do DEM, diz não temer ameaças
Autor: Jungblut, Cristiane e Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 11/10/2007, O País, p. 12

CONFRONTOS NO CONGRESSO: "Hoje não temos clima, prazo, nem votos", diz líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).

Kátia Abreu fará relatório sobre CPMF no Senado; ministros procuram Marco Maciel, presidente da CCJ.

BRASÍLIA. A oposição, em especial o DEM, vai repetir no Senado as manobras de obstrução que arrastaram as sessões que aprovaram a CPMF na Câmara. Na madrugada de ontem, após quase dez horas de discussão, os deputados concluíram a votação da emenda em segundo turno. A proposta foi enviada à Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), onde será relatada pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que avisou: usará o prazo regimental de 30 dias para dar seu parecer, o que significa que a primeira votação na Casa só ocorrerá após 10 de novembro.

Ciente das dificuldades, os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) vão se reunir hoje com o senador Marco Maciel (DEM-PE), presidente da CCJ.

- Em política, a conversa é matéria-prima. O fato de termos opiniões divergentes não significa que não possamos dialogar - disse Maciel.

Ameaça de aumento de outros tributos irrita DEM

Mas as ameaças feitas por Mantega de que, sem a CPMF, poderá aumentar outros impostos irritaram o DEM.

- O governo é engraçado: tem maioria esmagadora na Câmara, não votou rapidamente e agora quer jogar a culpa no Senado. Sou contra aumento de carga tributária e contra a prorrogação da CPMF. Sou pela extinção da CPMF - disse Katia Abreu. - Não tenho medo de ameaça nem de bicho-papão.

- O governo está por um fio da navalha aqui. As promessas do ministro Mantega não sensibilizaram e hoje (ontem) ele entrou no pior dos mundos: na hora em que a proposta chega ao Senado, chega uma ameaça - afirmou o líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN).

Kátia admitiu que a correlação de forças na CCJ melhorou para o governo depois que o PMDB destituiu os senadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS). Mas, no geral, a situação do governo no Senado é ruim. O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), admite não contar com os 49 votos necessários à aprovação da emenda:

- Hoje não temos clima, prazo nem votos. Mas vamos ter os 49 votos necessários se fizermos o dever de casa.

- A prorrogação pura e simples não passa - adiantou Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Depois de passar pela CCJ, a emenda da CPMF irá ao plenário do Senado, onde terá cinco sessões para discussão. Aprovada em primeiro turno, haverá um intervalo de cinco sessões para o segundo turno. Na Câmara, o substitutivo de Antonio Palocci (PT-SP) foi aprovado por 333 votos a favor, 113 contra e duas abstenções. A sessão foi até as 4h de ontem.