Título: Setor de transporte espera redução de até 35% dos custos logísticos
Autor: Tavares, Mônica e Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 11/10/2007, Economia, p. 27

Preço de grãos deve cair no mercado interno, dizem agricultores.

BRASÍLIA e RIO. O setor de transporte de cargas não esconde a euforia com o resultado do leilão de rodovias federais. Apesar do pagamento de pedágio para circular em 2.600 quilômetros de estradas, transportadores e produtores acreditam que haverá uma redução nos custos de logística do país. Algumas rotas e até mesmo a escolha de portos para exportação de produtos poderão ser alteradas graças à melhoria esperada na malha viária. Flávio Benatti, vice-presidente de cargas da Confederação Nacional de Transporte (CNT), estima que, nos sete trechos, o custo pode cair até 35%.

Esse percentual pode ser alcançado, sobretudo, nos piores lotes licitados (como a BR-393, no Rio). Isso porque as empresas levarão menos tempo para buscar e entregar as mercadorias, consumirão menos combustível e gastarão menos com manutenção dos caminhões.

- Tivemos ontem três alegrias: o leilão saiu, as tarifas de pedágio ficaram muito baixas e os grupos vencedores são sérios e da área, não são aventureiros - disse Benatti.

Ele acredita que o setor industrial vai se beneficiar especialmente com a melhoria da rodovia Fernão Dias (BH-SP), da Régis Bittencourt (SP-Curitiba) e da ligação desta com o Sul. Já o setor de agronegócio ganha mais com a BR-393 e a BR-153 (interior de SP).

Para Luiz Antônio Fayet, consultor de logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a redução nos custos afetará tanto a exportação quanto o consumo interno de produtos do setor, e poderá alterar a atual lógica de escoamento dos grãos no país:

- Muito provavelmente haverá uma migração do porto de Paranaguá para os portos de Itajaí e São Francisco do Sul, em Santa Catarina, que serão preferidos como pólos exportadores, inclusive da soja do Paraná. Além disso, a melhora da Fernão Dias e da BR-393 deve reduzir o preço de alguns produtos no mercado interno, como café.

Tráfego nas rodovias vai se multiplicar

O diretor do departamento de Infra-estrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Saturnino Sérgio da Silva, disse que a privatização é um bom sinal de que os problemas logísticos vão começar a se resolver. Ele ressaltou que as outras redes de transportes (como ferrovias e hidrovias) têm de ser melhoradas. Os avanços imediatos para o setor produtivo, segundo ele, virão da segurança que as rodovias passarão a oferecer.

As projeções de tráfego nas rodovias concedidas são crescentes. O número de automóveis na Régis Bittencourt deverá passar de 40,7 milhões, em 2008, para 95,5 milhões nos cinco anos seguintes, segundo a ANTT. Na BR-101, no Rio, o tráfego deverá subir de 15,2 milhões de automóveis em 2008 para 35,7 milhões em 2013, 42,6 milhões em 2018 e 62,7 milhões em 2033, último ano da concessão.

COLABOROU Erica Ribeiro