Título: Crédito farto ajudaria espanhóis
Autor: Paul, Gustavo e Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 11/10/2007, Economia, p. 28

Analistas aprovam modelo de concessão.

O modelo de concessão adotado pelo governo está sendo visto por analistas de mercado como uma opção política para evitar qualquer analogia do Partido dos Trabalhadores (PT) com programas de privatização adotados nos governos tucanos de Mário Covas (em São Paulo) e de Fernando Henrique (federal). O usuário foi colocado em primeiro plano e está sendo visto, no fim das contas, como o maior beneficiado, dizem os especialistas. E, mesmo com menor pedágio, o modelo contou com a aprovação das empresas que garantiram a disputa no leilão.

- Apesar de a opção ter sido um tanto política, o modelo comprovou-se um sucesso - comentou Márcio Pajes, analista da MCM Consultores, que não ficou surpreso com os baixos valores de deságio apresentados pelos espanhóis da OHL Brasil.

Esse desempenho já tinha sido observado em outros leilões, quando os espanhóis adotaram a mesma estratégia. Pajes está convencido de que a capacidade dos espanhóis de alavancar dinheiro barato lá fora é enorme, o que acaba se refletindo aqui. Não bastasse isso, as condições oferecidas aos concessionários foram bastante atraentes. Apesar de a taxa de retorno oferecida no último dia 9 ser bastante inferior à fixada nos anos 90 - de 17% a 24% para 8,9% -, ainda assim as empresas vencedoras terão retorno garantido.

Pajes está convencido de que o modelo é um sucesso e deve continuar sendo replicado nos próximos leilões. Sua aplicação só não é recomendável para os trechos que não tenham interesse privado. Nesses casos, cabe o governo arcar com o serviço.

Já o presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), Carlos Eduardo Dória, descarta qualquer possibilidade de adotar o modelo de petista de concessão de rodovias em São Paulo - que está se preparando para promover leilões de novos trechos rodoviários. Enquanto no modelo petista leva quem oferece a menor tarifa, na modelagem paulista o vencedor do leilão é aquele que oferece o maior valor de outorga.

- Esse modelo não serve para São Paulo - criticou Dória, comentando que, em recente pesquisa, constatou-se um índice de aprovação de 95,5% entre os usuários.