Título: Oposição nega acordo para livrar senador
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 12/10/2007, O País, p. 5

Saída dá sobrevida a Renan, mas seus problemas persistem.

BRASÍLIA. Senadores de vários partidos avaliaram ontem que a licença de Renan Calheiros (PMDB-AL) da Presidência do Senado devolve tranquilidade à Casa, dá uma sobrevida a ele, mas não acaba com seus problemas. Os partidos de oposição querem que os demais processos contra Renan sigam com celeridade, e negam um acordo para livrar Renan de futuras condenações. Aliados do governo também defendem agilidade nas investigações, para que o Senado volte à normalidade.

- A licença tira o Senado da UTI e coloca Renan para respirar sem ajuda de aparelhos. Mas o caso ainda inspira cuidados - avaliou o líder do PSB, Renato Casagrande (ES), um dos relatores do primeiro processo contra Renan, no qual o senador foi absolvido.

O líder do DEM, Agripino Maia (RN), disse que a licença acalma o Senado, mas negou qualquer acordo que possa livrar Renan das investigações. O líder disse que o DEM não muda sua posição contra a CPMF. Ele admitiu que foi procurado por aliados de Renan:

- Conversei com Jucá sobre uma licença, mas não houve nenhuma combinação (de parar as investigações).

- O afastamento dele foi o que sempre defendemos, e não haverá compromisso de não cassar - disse Demóstenes Torres (DEM-GO).

"Ideal seria a renúncia ao cargo", afirma Tasso

O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), disse, em nota, que a decisão foi tardia: "Agora, que se cumpram os desígnios democráticos de investigações amplas, rápidas e livres de ingerências hierárquicas". O presidente do partido, Tasso Jereissati (CE), foi além:

- O ideal seria a renúncia do cargo. Para a presidëncia não tem volta.

O PSOL fez críticas:

- Espero que a base do governo não tenha trocado os 45 dias pelos R$40 bilhões da CPMF - disse o líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ).

Na base governista, a interpretação é de que o gesto de Renan será entendido.

- Essa licença acalma os ânimos e o importante neste momento é acalmar. Dá um tempo, uma trégua e todo mundo esfria a cabeça - disse o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO).

Wellington Salgado (PMDB-MG) estava abatido:

- O presidente tomou uma atitude pelo país. Esse é um momento triste para a democracia. Esperamos agora que seus novos julgamentos sejam justos.

Para Almeida Lima (PMDB-SE), relator do processo que investiga a participação de Renan em esquema de arrecadação nos ministérios comandados pelo PMDB, houve truculência:

- Estão querendo arrancar o presidente da cadeira a qualquer custo. Isso cheira a Ato Institucional Número 5.