Título: PMDB recua e dá cargos de volta a Jarbas e Simon
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 12/10/2007, O País, p. 9

Líder do partido, Valdir Raupp tomou a decisão depois de ouvir a bancada e sem consultar Renan Calheiros.

BRASÍLIA. A prova definitiva do enfraquecimento do presidente licenciado do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) foi a decisão, anunciada pelo líder do PMDB na Casa, Valdir Raupp (RO), de recuar e pedir a reintegração dos senadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) - dois dos mais duros críticos do presidente do Senado - à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Pressionado por todos os lados, Raupp tomou a decisão sem ouvir Renan, tido como o responsável pelo afastamento de Jarbas e Simon, no início da semana.

O líder do PMDB anunciou a decisão depois de conversar com toda a bancada. Disse que, mesmo aqueles que haviam defendido a saída dos dois senadores, acharam melhor reintegrá-los. Segundo Raupp, foi preponderante em sua decisão o fato de outros partidos da base aliada não terem feito as mesmas mudanças na composição da CCJ anunciadas pelo PMDB para ajudar o governo a aprovar a CPMF.

Jarbas diz que vai manter postura de independência

Raupp disse que a troca dos senadores que não têm seguido a orientação dos partidos na votação da CPMF fora uma deliberação dos líderes da base, que não foi cumprida.

- Conversei com toda a bancada. Mesmo aqueles que defendiam mudanças reviram a posição. Estou obedecendo novamente à decisão da maioria - afirmou Raupp.

Jarbas, que demonstrou bastante irritação quando foi afastado, decidiu ser mais diplomático ao comentar o recuo de Raupp:

- Disse ao líder Raupp que esta era a minha expectativa e o meu desejo, pois dedico mais da metade do meu tempo de trabalho no Senado exatamente à Comissão de Constituição e Justiça. Dessa forma, manteremos a nossa postura de independência e correção, na certeza de que este é o caminho certo a ser seguido - afirmou.

Já Simon não confirmou se aceitará voltar à comissão, limitando-se a dizer que vai discutir o assunto com Jarbas na próxima terça-feira.

- Estou há 25 anos no Senado e há 25 anos na CCJ - afirmou, acrescentando que Raupp não impôs qualquer condição para seu retorno.

Antes mesmo de saber do afastamento de Renan, Simon voltou a reforçar a necessidade de ele deixar a presidência do Senado. Segundo ele, toda a cúpula do PMDB, inclusive José Sarney (AP), já insistiam para que ele deixasse o cargo, sem sucesso.

Em relação à CPMF, motivo que Raupp alegou para afastar os dois colegas de legenda da CCJ, Simon adiantou que vai apresentar quatro emendas ao texto aprovado pela Câmara, tratando de divisão da arrecadação com estados e municípios e estabelecendo que esta deve ser a última prorrogação do tributo.