Título: Dificilmente há uma única causa
Autor: Baldissarelli, Adriana
Fonte: O Globo, 12/10/2007, O País, p. 14

SÃO PAULO. Além da imprudência do motorista da carreta, Rosinei Ferrari, que seguiu na contramão pela BR-282, especialistas em acidentes observam que, neste tipo de tragédia, os motivos podem estar associados à má sinalização ou iluminação da rodovia. O professor de gerenciamento de risco da Universidade Federal Fluminense Gustavo Cunha Melo diz que não é possível responsabilizar apenas o motorista pela tragédia.

¿ Dificilmente existe uma única causa, um único culpado. Se ele andou na contramão, foi imprudente. Mas é preciso saber se recebeu treinamento ou trabalhava sob pressão, com sobrecarga. É preciso investigar as condições do caminhão, da estrada e saber como foi feita a sinalização no local. Enquanto o limite nas estradas é de 110 km/h, os carros continuam saindo das fábricas podendo atingir até 200 km/h. Não tem cabimento ¿ diz.

Para o coordenador da ONG SOS Estradas, Rodolfo Rizzoto, os resultados obtidos em perícias não têm servido para estabelecer políticas de redução de acidentes.

¿ Os laudos até são feitos, mas muitas vezes acabam engavetados e não se responsabiliza ninguém. Não há um órgão para investigar exclusivamente acidentes desse tipo, que matam muitas pessoas por ano.

E observa:

¿ Há relatos de que ele vinha dando sinais de luz e buzinando, o que pode representar um defeito de manutenção ou fabricação dos freios. Se for o caso, precisávamos punir empresários que colocam caminhões sem condições na rua e desrespeitam a fiscalização. É uma fábrica de infratores sustentada pelo lobby da impunidade.