Título: Foi uma fatalidade
Autor: Baldissarelli, Adriana
Fonte: O Globo, 12/10/2007, O País, p. 14

Luciane Ferrari, mulher de Rosinei Ferrari, motorista da carreta que provocou 20 mortes, esteve com o marido no hospital e disse que ele se queixou de que o caminhão tinha problema nos freios.

O que o seu marido relatou sobre o acidente?

LUCIANE FERRARI: Ele me ligou dizendo que estava com problemas no freio, que estava com mau pressentimento e ia parar para dormir. Acabou não parando e veio a tragédia. Quando começou a descida, o caminhão ficou sem freio. Ele tentou trocar de marcha, mas o caminhão não parou. Ficou apavorado e começou a buzinar, fazendo sinal para que saíssem da frente, mas bateu num barranco e perdeu os sentidos.

Ele sabe o resultado final do acidente?

LUCIANE: Eu não contei. Os policiais ficam repetindo que ele matou um monte de gente. Ele está desesperado. Não foi culpa dele, nenhuma pessoa em sã consciência ia de propósito se jogar contra um monte de pessoas. Foi uma fatalidade que podia ter ocorrido com qualquer um.

Ele assumiu a culpa?

LUCIANE: Ele assinou uma nota de culpa, mas nem sabia o que estava assinando. Estava dopado pelos medicamentos, o policial veio com o papel e mandou ele assinar, assumindo a culpa para a prisão em flagrante.

Ele teve outros acidentes?

LUCIANE: Nunca. Ele dirige bem, é muito prudente, não costuma passar dos 80 km/h. Lamentamos pelas famílias, mas ele não fez de propósito, preferia morrer a matar alguém.

O que pretendem fazer?

LUCIANE: O advogado da empresa em que ele trabalha vai mandar advogado. Vamos tentar transferi-lo para Cascavel. É absurdo como estão agindo. Ele está sendo tratado como um bandido.