Título: PSOL planeja apresentar sexta representação contra Renan
Autor: Beck, Martha e Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 15/10/2007, O País, p. 9

Senador agora é suspeito de favorecer empresa fantasma no Orçamento.

BRASÍLIA. A licença do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado não deve garantir sua saída da linha de tiro da oposição. A presidente nacional do PSOL, a ex-senadora Heloísa Helena, antecipou a disposição do partido de apresentar nova representação contra Renan - a sexta - para que o Conselho de Ética investigue denúncia de que ele teria apresentado emendas ao Orçamento que beneficiam empresa supostamente fantasma comandada por um ex-assessor.

- A nova denúncia traz provas incontestáveis de tráfico de influência, intermediação de interesses privados, exploração de prestígio, corrupção ativa e formação de quadrilha, na medida em que mostra a triangulação entre o parlamentar, o empresário e o Executivo - disse a ex-senadora sobre a denúncia publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

Segundo a reportagem, a KSI Consultoria e Construções, que só existiria no papel, recebeu R$280 mil da Funasa, em atendimento a uma emenda ao Orçamento apresentada por Renan em 2004. O proprietário da empresa, segundo a reportagem, é José Albino Gonçalves de Freitas, ex-assessor de Renan. O presidente licenciado do Senado não foi localizado.

Enquanto Renan se isola para traçar sua defesa, integrantes do Conselho de Ética vão tentar retomar esta semana as investigações contra o senador. O senador Tião Viana (PT-AC), presidente interino da Casa, inicia um processo de pacificação do Senado e reúne hoje a mesa diretora. Na pauta, mais uma representação do PSDB e do DEM, pedindo abertura de novo processo para investigar a denúncia de que Renan teria recorrido a um assessor da presidência, o ex-senador Francisco Escórcio, para espionar os senadores goianos Demóstenes Torres (DEM) e Marconi Perillo (PSDB).

O senador Jefferson Peres (PDT-AM), relator da representação que investiga a denúncia de que Renan teria usado laranjas na compra de rádios e um jornal em Alagoas, confirmou que pretende promover uma acareação entre o senador alagoano e o empresário João Lyra, autor das acusações. Ele tenta falar com Lyra desde quinta-feira, assim como já pediu à sua assessoria para citar Renan:

- Não obtive resposta de Lyra. Renan terá de concordar com a acareação, caso contrário isso poderá ser usado contra ele.