Título: 738 prefeituras fechadas
Autor: Souto, Isabella; Lima, Simone
Fonte: Correio Braziliense, 16/04/2009, Política, p. 06

Municípios mineiros paralisam atividades em favor do protesto sobre situação financeira. Cidades mais populosas, porém, não aderem

Departamentos fechados, faixas de protesto, bandeiras a meio mastro, panfletos distribuídos à população. Esse foi o cenário encontrado por muitos mineiros que passaram ontem por prefeituras de todas as regiões do estado. Entre as 853 cidades de Minas Gerais, 738 engrossaram a mobilização articulada pela Associação Mineira de Municípios (AMM) para reivindicar mais verba nos caixas municipais, uma revisão do pacto federativo e a aprovação da reforma tributária pelo Congresso Nacional. Optaram por não participar do movimento algumas das maiores cidades mineiras.

Em várias cidades foram mantidos apenas os serviços essenciais à população, como os postos de saúde, escolas e limpeza urbana. Entre os manifestantes, 590 paralisaram os setores administrativos ¿ com exceção, por exemplo, do departamento de cobrança do IPTU, mantido aberto em Itaúna. ¿Nossa arrecadação diminuiu muito e não podemos nos dar ao luxo de fechar as portas por completo¿, justificou a secretária de Finanças da cidade, Shirlei Regina Pereira. Em Santa Luzia, das 14 secretarias municipais, apenas três funcionaram: Saúde, Educação e Fazenda. Setores como habitação e meio ambiente foram completamente paralisados. O prefeito, Doutor Gilberto (PMDB), viajou.

Em São Gonçalo do Pará, um pano preto foi colocado na porta das secretarias e faixas de protesto foram espalhadas pelas ruas. ¿É extremamente importante mostrar nossa insatisfação. Só nesses três primeiros meses, deixamos de receber cerca de R$ 110 mil. Isso para a cidade é muito significativo¿, afirmou o secretário de Obras Afonso Ligório. Outras 148 prefeituras mantiveram o serviço administrativo, mas aderiram ao movimento de outras formas, como a distribuição de folhetos com denúncia sobre a penúria financeira das prefeituras, faixas afixadas nas ruas e bandeiras a meio mastro.

Belo Horizonte Os três principais municípios da Região Metropolitana optaram por não participar da mobilização. O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), tinha dito segunda-feira que as cidades que têm arrecadação própria devem se adequar à crise econômica mundial. Entre as medidas adotadas pela capital está o corte no pagamento de horas extras a partir de 1º de maio. Em Betim, a participação do município no movimento nem chegou a ser discutida. A mesma opção fez a prefeitura de Contagem. Ontem, a prefeita Marília Campos (PT) nem estava na cidade: foi a Brasília para uma reunião da Frente Nacional de Prefeitos. A prefeitura de Montes Claros foi outra que não aderiu ao movimento. O prefeito Luiz Tadeu leite (PMDB) informou por meio da assessoria de imprensa que é solidário ao movimento e que, por causa da crise, cortou em 20% as despesas na administração.