Título: A Petrobras tem mecanismos de controle complexos
Autor:
Fonte: O Globo, 15/10/2007, Economia, p. 18

O vice-diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Alcides Vaz, não descarta o uso político da Petrobras, mas diz que eventuais disputas com a PDVSA serão definidas por critérios técnicos.

Quais as diferenças de estratégia da Petrobras e da PDVSA?

ALCIDES VAZ: Embora as duas sejam controladas pelo Estado, a suscetibilidade a ingerências políticas é diferente. A PDVSA é mais instrumentalizada pelo governo, com o objetivo de gerar recursos para apoio a projetos na região. A Petrobras também é instrumento de política externa, mas isso é feito de forma mais moderada. A orientação por busca de oportunidades de mercado é mais forte.

Por que há essa diferença?

VAZ: A PDVSA não tem ações em bolsa, está submetida ao controle presidencial de Chávez. A Petrobras tem mecanismos de controle complexos. O componente político existe, mas não é preponderante na estratégia da América do Sul.

A que projetos políticos as duas empresas estariam servindo?

VAZ: Chávez tem um projeto político doméstico, que visa à autonomia da região frente aos pólos hegemônicos mundiais. No Brasil, há um projeto de articulação com os vizinhos, para atuar mais equilibradamente no sistema internacional.

Em eventuais disputas na América do Sul, os fatores políticos terão peso?

VAZ: Acredito que os fatores técnicos serão determinantes. Falamos de empresas com graus tecnológicos distintos. Isso terá peso significativo. (Danielle Nogueira