Título: Siderurgia e química vão desembolsar US$72 bi
Autor: Oliveira, Eliane e Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 15/10/2007, Economia, p. 19
Setores têxtil e de plástico planejam expansão. Na indústria automobilística, serão US$15 bi.
BRASÍLIA. Os investimentos estão não apenas crescendo mas se espalhando por diferentes setores. Somente as indústrias química e siderúrgica anunciaram a aplicação de recursos que, somados, chegam a US$72 bilhões até 2012. O setor automobilístico investirá US$15 bilhões nos próximos três anos, informou, na semana passada, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. Mais pulverizadas pelo país, as indústrias do setor têxtil e de plásticos também estão com o pé no acelerador.
Essa onda de investimentos deve continuar nos próximos anos, e, segundo analistas, o tempo de maturação varia de acordo com o tamanho dos projetos. O setor químico, que prevê aporte de US$15,5 bilhões entre 2006 e 2011, é exemplar. Boa parte dos projetos para desobstruir gargalos de produção devem estar prontos já em 2008. Outros, voltados para a construção de fábricas, levarão até cinco anos. É o caso do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que demandará R$18 bilhões e só entrará em operação em 2012.
O setor siderúrgico prevê mais US$17,2 bilhões até 2012 apenas nas fábricas já existentes. Após 2007, novas empresas planejam investir outros US$5,8 bilhões, e estão em estudo projetos de mais US$14,6 bilhões no setor. A siderurgia poderá aplicar nos próximos cinco anos, portanto, US$56,5 bilhões.
- Estamos numa segunda grande fase de investimentos, superando a anterior, que veio depois das privatizações nos anos 90. Qualquer que seja o aumento da demanda, o setor vai atendê-la - afirmou Marco Polo de Mello Lopes, vice-presidente executivo do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS).
Com 9 mil empresas espalhadas pelo país, o setor de produtos plásticos também aposta no futuro. A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) não tem dados consolidados de investimentos, mas o presidente da entidade, Merheg Cachum, garante que os empresários estão comprando máquinas e novos moldes para produção.
Vendas crescem mais que uso da capacidade instalada
É o caso do Grupo Mueller, que investirá R$40 milhões nas fábricas de São Paulo e Minas Gerais para oferecer produtos de maior valor agregado. Neste ano, o aumento da importação assustou a indústria local. As compras externas superaram em 47% as exportações no primeiro semestre de 2007:
- Nunca tivemos um déficit externo tão grande. Mas o mercado está melhorando, e não podemos deixá-lo desabastecido - afirmou Cachum.
Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que, nos setores de borracha e plástico, produtos de metal e máquinas e equipamentos, as vendas e as horas trabalhadas cresceram nos últimos 12 meses mais do que o uso da capacidade instalada.
- Os empresários só vão investir se constatarem que está crescendo sua capacidade instalada. E, com o aumento da demanda e o risco das importações, ele sabe que precisa se manter competitivo - resume Paulo Mol, economista da CNI. (G.P. e E.O.)