Título: No feriado, 92 mortos nas estradas
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Fonte: O Globo, 16/10/2007, O País, p. 3

Foram 23 mortes por dia, incluindo apenas as registradas nas rodovias federais.

BRASÍLIA, FLORIANÓPOLIS, PORTO ALEGRE e BELO HORIZONTE. O feriado de Nossa Senhora Aparecida deixou, de quinta-feira a domingo, 92 mortos nas rodovias federais. Balanço divulgado ontem pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostra que as estradas registraram uma média de 23 vítimas fatais por dia. A estatística leva em conta apenas os mortos no local do acidente. De acordo com o levantamento, 1.187 pessoas ficaram feridas em 1.592 colisões e atropelamentos.

Policiais que fiscalizam as rodovias estimam que pelo menos 80% dos acidentes tenham como principal causa a imprudência dos motoristas. Houve queda de 8,9% no número de mortos em relação à operação anterior, de Sete de Setembro, quando 101 pessoas perderam a vida e 1.186 ficaram feridas nas rodovias federais. No entanto, o coordenador de controle operacional da PRF, inspetor Alvarez Simões, disse que não há o que comemorar:

- Foram mais de 20 mortes por dia. Ainda é um número muito alto.

Com a maior malha federal do país, Minas Gerais teve o maior número de casos, com 17 mortes durante o feriado prolongado. O Rio ficou em segundo lugar, com nove vítimas fatais, seguido pelo Espírito Santo, com oito.

Em Minas, um acidente grave ocorreu ontem de madrugada, duas horas após o encerramento do balanço da Polícia Rodoviária Federal: seis pessoas morreram na BR-116, em Além Paraíba (Zona da Mata), próximo à divisa com o Rio. Um ônibus da Viação Rio Doce, com 39 passageiros, que tinha saído na noite de domingo de Coronel Fabriciano com destino ao Rio, saiu da pista e caiu em uma ribanceira. Até a noite de ontem, 20 pessoas continuavam internadas, duas em estado grave. Com isso, o número de mortos das últimas horas é 98.

Os patrulheiros suspeitam que o motorista, que também morreu, pode ter cochilado. Além do trecho de serra e com muita curva, o tacógrafo do veículo marcava velocidade de 92km/h no momento do acidente, considerada incompatível para o local.

No RS, jovem sem carteira se acidenta

No Espírito Santo, quatro pessoas morreram e sete se feriram na batida entre dois caminhões, dois carros e uma moto, numa curva da BR-101, na altura de Rio Novo do Sul. A carreta que levava gás de cozinha explodiu. As chamas destruíram uma casa.

Em Santa Catarina, um acidente na manhã de ontem, também fora do balanço da PRF, provocou a morte de um empresário de Criciúma e da mulher dele, que viajavam de táxi, de Porto Alegre a Criciúma. O táxi onde estavam Célio Grijó, de 76 anos, Maria do Carmo Grijó, de 71, bateu de frente num caminhão, no trecho não duplicado da BR-101, em Araranguá, Sul do estado. O taxista também morreu.

Uma ultrapassagem proibida teria causado o acidente que matou quatro pessoas no Rio Grande do Sul. O motorista de 21 anos, sem carteira de habilitação, bateu de frente num caminhão. Também no RS, dois jovens de 20 e 15 anos morreram quando a moto em que estavam bateu em alta velocidade contra uma caminhonete. Em Varginha, Sul de Minas, cinco pessoas ficaram feridas em um acidente entre três caminhões e um carro. O motorista teria ingerido álcool além dos limites permitidos.

Como o dia da padroeira caiu numa quinta-feira no ano passado, não é possível comparar o número de mortes deste ano com o de 2006, quando a operação especial durou apenas três dias. Mas a soma de mortos nas estradas entre janeiro e setembro mostra uma tendência de alta no balanço deste ano. Nos últimos nove meses, 4.695 pessoas morreram e 53.834 ficaram feridas. Em 2006, a polícia contabilizou 4.528 mortos e 48.151 feridos no mesmo período. A nota da PRF atribui o crescimento do número de registros à crise aérea, que afastou os passageiros dos aeroportos, e ao aumento da frota de veículos, estimado em quase 9% no ano.