Título: Nos EUA, dirigir embriagado é crime, e motoristas podem ir para a cadeia
Autor: Martins, Marília
Fonte: O Globo, 17/10/2007, O País, p. 4

Nas estradas, `Tolerância zero¿ contra menores de 21 anos alcoolizados.

NOVA YORK. Motoristas embriagados são a maior causa de acidentes rodoviários nos EUA e, desde 2002, dirigir alcoolizado é considerado crime em todos os 50 estados americanos. As estatísticas do Ministério dos Transportes dos EUA (Department of Transportation) informam que, dos cerca de seis milhões de acidentes rodoviários nas estradas americanas anualmente, 40% envolvem pelo menos um motorista alcoolizado. Outros 30% são ocasionados por excesso de velocidade e outros 30% por perda de controle do veículo.

Vários estados já proibiram a venda de bebidas alcoólicas em postos de gasolina e bares à beira de estrada. Em todos os estados americanos, desde 2002, houve a adoção do que se denominou ¿Tolerância Zero¿ nas estradas: caso o motorista surpreendido embriagado tenha menos de 21 anos, sua carteira será imediatamente suspensa qualquer que seja o teor de álcool encontrado num exame.

O último dado é de 2005, quando 43.443 pessoas morreram em acidentes rodoviários e 2.699.000 saíram feridas. Das vítimas, 16.885 pessoas, sendo 414 crianças, morreram por causa de um motorista embriagado. Segundo o Ministério da Justiça (Department of Justice), 1,4 milhão de motoristas foram presos por dirigir sob influência de álcool ou outras drogas. O Ministério dos Transportes estima que os acidentes por direção alcoolizada custem, além das vidas, cerca de US$51 bilhões, entre indenizações, reparos das estradas e seguros de automóveis e vida.

Pessoas famosas na prisão por dirigirem bêbadas

Muita gente famosa já foi presa por dirigir embriagada. O ator Kiefer Sutherland, do seriado ¿24 horas¿, em setembro passado, em Los Angeles, foi condenado a 48 dias de prisão por dirigir embriagado. Sutherland foi obrigado a passar pelo bafômetro. A pena foi de 30 dias por direção perigosa e 18 dias por reincidência. O filho de Al Gore, Al Gore III, foi preso em 2002 por dirigir embriagado, e em 2007 por carregar maconha no carro, numa estrada na Califórnia.

Em 2006, o ministério gastou US$11 milhões em campanhas para alertar a população sobre o problema. E aumentou a fiscalização nas estradas e nas cidades, com testes de bafômetro e intimações para exames de teor alcoólico no sangue. Foram aprovados incentivos para que os estados instalem checkpoints nas estradas onde há maior número de acidentes por embriaguez. Nesses locais, o motorista faz na hora o exame de sangue.

¿ Números preliminares de 2006 mostram que 42.642 pessoas morreram em acidentes rodoviários e que o número de feridos ficou em cerca de 2,5 milhões, o que poderia indicar cerca de 6% de declínio em relação a 2005. Estamos caminhando para o que pode ser o menor número de mortos nos últimos cinco anos ¿ avalia Nicole Nason, da National Highway Security Administration, órgão do Ministério dos Transportes que avalia os registros de acidentes.

Um dos mais famosos anúncios pagos pelo governo americano mostra um jovem de 18 anos ao volante de um carro possante, enquanto o interior do veículo vai sendo invadido por quantidades enormes de cerveja. O anúncio se interrompe num grande clarão que sugere o choque com outro veículo.

Penas variam de acordo com a gravidade do acidente

Há duas graduações para o crime de dirigir alcoolizado: a resultante da observação do policial de sinais de condução sob efeito de álcool ou drogas; a outra é resultado de um exame técnico, com uso do bafômetro ou pelo exame de sangue.

As penas variam de estado para estado. Na maioria, o primeiro caso é punido com até um ano de detenção. Num acidente em decorrência da direção embriagada, a pena aumenta segundo a gravidade do ocorrido e pode chegar a crime de segundo grau, isto é, homicídio doloso, e prevê, no mínimo, sete anos de prisão. Quando há confirmação de presença de álcool, além dessas penas, pode haver perda da carteira, multas, serviço comunitário, obrigatoriedade de freqüência em cursos especiais para motoristas infratores e instalação de uma tranca na ignição do veículo, para garantir que o proprietário o usará.