Título: Senadores dizem que só negociam se governo ceder
Autor: Éboli, Evandro e Menzes, Maiá
Fonte: O Globo, 17/10/2007, O País, p. 8

Tasso quer redução progressiva da alíquota.

BRASÍLIA. Acuado pela falta de tempo para votar a CPMF e com resistências na base aliada, o governo terá de ceder nas negociações se quiser assegurar no Senado a prorrogação da contribuição até 2011, com alíquota de 0,38%. O recado foi dado ontem pelo PSDB e por integrantes da base, que querem do governo uma proposta concreta de compensação, na reunião de líderes com o presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC).

O presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), admitiu disposição de negociar, mas só se houver uma proposta imediata e oficial do governo. Tasso defende a redução progressiva da alíquota da CPMF:

- O entendimento até agora é zero. O governo apenas abriu a possibilidade de conversar. Hoje, somos contra. É função do governo apresentar propostas, mas já, ao mesmo tempo (da tramitação da CPMF). Só promessas de que depois faz isso e aquilo, não é possível. O governo tem sido mestre em fazer promessas que depois não são cumpridas.

Tião Viana admitiu que o PSDB é o fiel da balança:

- O PSDB é o pêndulo que pode garantir a aprovação da CPMF. Não tem como aprovar essa matéria sem negociar e promover algumas modificações.

- Ficou claro que todo mundo quer alguma negociação - disse o líder do PSB, Renato Casagrande (ES).

Alozio Mercadante (PT-SP) encampou a proposta do líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), de isentar da CPMF quem ganha até R$1.200 e quem tenha apenas uma conta bancária. Tasso avisou que "isso é pouco". A proposta aprovada na Câmara prevê que a redução da alíquota pode ser feita por meio de projeto de lei, e é isso que os partidos querem negociar.

A maior preocupação do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), é com os prazos para a aprovação da CPMF, cuja validade encerra no dia 31 de dezembro. Jucá propôs aprovar a emenda até 7 de novembro na CCJ, mas a relatora Kátia Abreu (DEM-TO) confirmou que usará os 30 dias de prazo que tem, contados a partir de ontem. Pelo calendário do governo, o primeiro turno em plenário seria dia 6 de dezembro e o segundo, entre 18 e 20.

- Se o regimento for cumprido na íntegra, estoura o ano sem votarmos a CPMF - reclamou Jucá.