Título: Ato contra CPMF tem baixa adesão
Autor: Éboli, Evandro e Menzes, Maiá
Fonte: O Globo, 17/10/2007, O País, p. 8

Nem cantores sertanejos conseguiram reunir público previsto pela Fiesp.

SÃO PAULO. Nem cantores populares como Zezé di Camargo e Luciano e estrelas da música adolescente como KLB, NX Zero, os roqueiros Fresno e o animado Falamansa conseguiram ampliar o protesto contra a CPMF organizado ontem por Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) e outras entidades, no Vale do Anhangabaú, Centro da cidade. Os organizadores do "Tributo contra o tributo" esperavam dois milhões de pessoas, mas, até as 20h30m, não havia mais que sete mil, segundo a PM.

Segundo André Skaf, da Fiesp, o protesto, que começou às 17h30m, custou R$300 mil; e os artistas não cobraram cachê.

- Se a CPMF não acabar, é um desrespeito à sociedade - disse André, filho de Paulo Skaf, presidente da Fiesp.

Esperando por Zezé di Camargo e Luciano, o ambulante José Carlos da Silva contou que não sabia o que é CPMF:

- Mas acabaram de explicar (no palco): é um imposto que pagamos em tudo o que comemos, no arroz, no leite, na carne, no açúcar e na farinha. São sete dias de trabalho no ano!

Bruno, do KLB, disse que sabia o que era CPMF: "roubo", mas não o que significava a sigla. Só soube a alíquota quando uma assessora soprou (0,38%). Mesma sorte não teve o vocalista da banda Fresno, que se confundiu com os "sete dias de trabalho" e disse: 7%. Luciano não errou:

- Pensou que eu não soubesse?- disse a uma repórter.

Questionado se iria se candidatar, dado seu discurso muito politizado e crítico, respondeu:

- Sou muito bem-informado. E não preciso disso.

Luciano chamou o governo Lula de populista por afirmar que o fim da CPMF representaria cortes na Bolsa Família:

Em reunião com investidores, mais cedo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, repetiu que o governo não tem como abrir mão da CPMF:

- Não será difícil demonstrar (aos senadores) a necessidade da CPMF para garantir a solidez fiscal, que será abalada sem a prorrogação do tributo - disse.