Título: FAO faz propaganda de Fome Zero
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 17/10/2007, O País, p. 17

Vídeo com o presidente e o programa será distribuído em todo o mundo.

SÃO PAULO. O Programa Fome Zero - que perdeu força já no primeiro ano de governo de Lula - e o presidente foram mostrados ontem num vídeo da FAO (Programa das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) como modelos de combate à fome para o mundo. O vídeo, de cinco minutos, mostra trecho do discurso de posse de Lula, em 2003, cartazes e imagens do Fome Zero. Segundo a FAO, o vídeo começou a ser distribuído em todo o mundo ontem, nas celebrações do Dia Mundial da Alimentação. Na América Latina e no Caribe, será entregue uma cópia para cada chefe de Executivo e de Legislativo.

- O Brasil avançou sim, e avançou muito no combate à fome - afirmou o representante regional da FAO para América Latina e Caribe, José Graziano, ex-assessor especial de Lula e idealizador do Fome Zero.

Números da FAO mostram melhoria no governo Lula

Graziano disse que, pelas contas da FAO, o Brasil teve melhoria significativa com o governo Lula: entre 1990 e 2004, o número de subnutridos no país caiu de 18,5 milhões para 13 milhões. Segundo o IBGE, 14 milhões passam fome no Brasil, e 40% dos brasileiros não sabem se terão comida no próximo mês.

- Temos também os dados da pobreza extrema e a melhora é mais significativa: entre 1990 e 2005 baixou de 23,4% para 10% a população que não ganha o suficiente para comprar uma cesta básica. Os países da América Latina que estão em destaque são, por ordem de melhores: Cuba, Chile e Brasil, pelos números absolutos - disse.

Mesmo se colocando como defensor do Fome Zero, Graziano avaliou que ainda falta ao governo integrar as duas pontas do programa: a emergencial, que distribui o Bolsa Família, e a estrutural, que inclui sistemas de microcrédito, agricultura familiar, qualificação profissional e outros métodos de redução definitiva da miséria.

- É preciso mais mecanismos de coordenação, nos três níveis de governo: União, estados e municípios. E faz falta um mecanismo local de integração, além de maior ênfase na requalificação profissional, não só das crianças, como dos adultos. E ainda maior ênfase no monitoramento e nas avaliações.

O ex-assessor de Lula afirma que o lançamento do programa foi feito às pressas, em 2003.

- Tivemos que trocar de roupa andando. Não deu para escolher o manequim. Mas acho que agora já houve um certo fôlego, e é hora de termos um sistema melhor - disse.

Pelas contas da FAO, para extinguir a fome, o Brasil gastaria cerca de US$200 milhões por ano. Na realidade, por causa de gastos com saúde, que chegam a US$600 milhões por ano, se não tivesse mais habitantes subnutridos, o país economizaria R$400 milhões por ano.

Na avaliação da FAO, o Brasil cumprirá as metas do milênio: até 2015 não terá mais subnutridos.