Título: Caso Renan: Conselho dá mais prazo
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 18/10/2007, O País, p. 4

BRASÍLIA. Depois de avisar que apareceria ontem no Senado, o presidente licenciado da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu continuar recolhido por mais uma semana, quando se dedicará à defesa de seu mandato no Conselho de Ética, onde tramitam cinco representações contra ele por quebra de decoro. Em conversas reservadas, Renan sinalizou que não há mais condições de retomar o cargo de presidente do Senado. Mas não desistiu de usar o que chama de todos os seus "trunfos" para não perder o mandato.

Enquanto avalia qual a melhor estratégia, Renan ganha tempo. O Conselho refez seu cronograma de trabalho e esticou prazos para os relatores apresentarem os pareceres, ignorando a data de 2 de novembro, anteriormente estabelecida. Jefferson Peres (PDT-AM), que apura a denúncia de que Renan teria usado laranjas na compra de uma rádio e um jornal em Alagoas, anunciou que só concluirá seu parecer por volta do dia 15 de novembro.

Já Almeida Lima (PMDB-SE), relator do processo que investiga a participação de Renan num esquema de cobrança de propina em ministérios comandados pelo PMDB, não fixou uma data.

João Pedro (PT-AM), relator do processo que investiga se Renan intercedeu junto à Receita Federal e ao INSS em favor da cervejaria Schincariol, apresentará seu relatório no dia 5 próximo.

O presidente do Conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), não conseguiu nomear o relator da quinta representação contra Renan, que investigará se o alagoano teria usado um assessor da presidência do Senado, Francisco Escórcio, para espionar os senadores goianos Demóstenes Torres (DEM) e Marconi Perillo (PSDB).

Embora Escórcio tenha sido demitido, o corregedor Romeu Tuma (PTB-SP) continua investigando. Ele ouviu o depoimento do empresário Pedro Abrão, que, segundo Demóstenes, foi quem o alertou sobre a espionagem preparada por Escórcio. Abrão, no entanto, negou a história, reiterando o que já antecipara a Demóstenes: não quer se envolver com o escândalo. Já Escórcio circulava pelo Senado:

- Fui surpreendido. Fui sumariamente demitido sem ter direito ao contraditório.

Como suplente de deputado, confirmou que continuará circulando pelo Congresso:

- Não matei e nem roubei. Qual crime eu cometi para não estar aqui? Não estudei para ser espião.