Título: Propinas a policiais anotadas
Autor: Costa, Ana Cláudia e Costa, Célia
Fonte: O Globo, 18/10/2007, Rio, p. 18
Material da contabilidade do tráfico é apreendido.
Juntamente com armas e drogas, os policiais apreenderam um farto material da contabilidade do tráfico da Favela da Coréia. Em várias folhas de caderno, estão anotadas as despesas da quadrilha, desde propinas a policiais (chamadas ¿arrego¿), gastos com médicos para atender bandidos feridos e com festas na comunidade, pagamentos de gás e também às ¿tias¿. Segundo policiais, as ¿tias¿ são senhoras que moram na favela, consideradas acima de qualquer suspeita. Quando um bandido é preso, elas vão às delegacias atestar que ele é trabalhador. Também fazem visitas nas penitenciárias para garantir a comunicação do criminoso com o mundo externo e podem esconder armas e drogas. Segundo as anotações, as ¿tias¿ recebem R$300 para despesas como aluguel.
No material da contabilidade aparecem ainda quantias, de cerca de R$2 mil, pagas a advogados e também enviadas para Brasília e para o Paraná, onde fica o presídio de segurança máxima de Catanduvas. Nessa penitenciária, estão chefões do tráfico no Rio, entre eles Robson André da Silva, o Robinho Pinga, que comanda a venda de drogas na Coréia. Para os chamados ¿arregos¿, constam dois pagamentos: um no dia 29 de setembro e outro no último dia 5. Ambos de R$3 mil.