Título: Bolsa acompanha EUA e fecha em alta de 2,39%
Autor: Rosa, Bruno e Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 18/10/2007, Economia, p. 37

BC compra dólar, que sobe 0,44% e encerra a R$1,823. Em NY, só Dow Jones não se recupera de disparada do petróleo.

RIO, BRASÍLIA, NOVA YORK e NOVA DÉLHI. Em dia de forte volatilidade, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou os índices americanos e fechou em alta de 2,39%, aos 63.193 pontos, após operar em território negativo por duas vezes ao longo do dia. No câmbio, o dólar registrou valorização de 0,44% e terminou cotado a R$1,823, com o Banco Central (BC) comprando cerca de US$70 milhões, de acordo com estimativas de analistas. O risco-Brasil recuou 1,84%, para 160 pontos centesimais.

Nos EUA, o Dow Jones encerrou em queda de 0,15%, ao contrário do Nasdaq e do S&P, que subiram 1,04% e 0,18%, respectivamente. Wall Street não sofreu com a turbulência no mercado indiano, que chegou a cair 7,9% ontem, devido ao temor de que o governo impeça a compra de ativos por parte de investidores estrangeiros.

Na terça-feira à noite, o órgão regulador do mercado de capitais indiano publicou, em seu site, propostas para reduzir a presença estrangeira no país, a fim de conter a especulação. No mês passado, estrangeiros compraram US$7,2 bilhões em ações indianas. O governo correu para tranqüilizar o mercado, e a Bolsa de Mumbai fechou em queda de 1,8%.

O pregão em Nova York abrira em alta com os bons resultados de Yahoo!, Coca-Cola, IBM e Intel. Além disso, o núcleo do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia, ficou dentro das expectativas, com avanço de 0,2% em setembro.

Já a construção de moradias nos EUA recuou 10,2% mês passado, para 1,191 milhão de unidades, o menor nível desde março de 1993. Com isso, analistas voltaram a apostar em uma nova queda de juros nos Estados Unidos. Em setembro, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) baixou a taxa em meio ponto percentual, para 4,75% ao ano.

Analistas ainda destacaram o resultado do banco JP Morgan, que, apesar de perdas de US$1,3 bilhão com ativos de crédito, registrou lucro líquido de US$3,37 bilhões no terceiro trimestre, alta de 2% frente ao mesmo período de 2006. Mas as bolsas recuaram quando o petróleo encostou em US$89, depois de o Parlamento turco ter aprovado uma ação militar contra rebeldes curdos no Norte do Iraque.

- No Brasil, a queda não foi tão intensa porque o fluxo está forte - ressalta Gabriel Goulart, da Mercatto.

O BC comprou dólar por R$1,8065. No momento do leilão, às 12h33m, a divisa americana era negociada a R$1,805.

Fluxo cambial volta a ficar positivo, em US$1,29 bi

Depois de fechar setembro no vermelho, como reflexo da crise financeira internacional, o fluxo cambial (entrada e saída de moeda estrangeira do país) voltou a registrar saldo positivo. O BC informou ontem que, nos nove primeiros dias úteis de outubro, houve um superávit de US$1,295 bilhão, apagando as saídas líquidas de US$3 milhões em setembro.

O bom desempenho foi garantido pela balança comercial, cujo saldo está positivo em US$3,293 bilhões, com exportações de US$7,175 bilhões e importações de US$3,882 bilhões. Já a conta financeira (investimentos, serviços, remessas) amarga déficit de US$1,998 bilhão.

Apesar disso, especialistas afirmam que a avaliação internacional do mercado brasileiro ainda é muito positiva e que o déficit não significa que os investidores estrangeiros estejam fugindo dos ativos (como bolsa, títulos e fundos) do país.

- O fato de ter ficado negativo está muito longe, muito longe mesmo, de ser algum problema de avaliação de risco do nosso mercado - afirmou Ovídio Pinho Soares, operador de câmbio da corretora Finabank.

No acumulado do ano, o fluxo cambial está positivo em US$71,348 bilhões, mais que o dobro do mesmo período de 2006 (US$33,650 bilhões).

(*) Com agências internacionais