Título: Dalai pede autonomia para o Tibete
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Fonte: O Globo, 18/10/2007, O Mundo, p. 43

Líder tibetano ganha maior honraria civil dos EUA, apesar de oposição da China.

WASHINGTON. Apesar da forte objeção da China, o presidente dos EUA, George W. Bush, entregou ontem a Medalha de Ouro do Congresso ao Dalai Lama. Bush se tornou o primeiro presidente americano a participar de uma cerimônia pública ao lado do líder tibetano, e exortou a China negociar com ele.

¿ Os americanos não podem ver a situação dos que são oprimidos por sua religião e fechar os olhos ou dar as costas. É por isso que continuarei a exortar os líderes da China a receberem o Dalai Lama ¿ disse Bush ao entregar a medalha ao líder tibetana, que chamou de ¿homem de paz e de reconciliação¿.

A medalha é a maior honraria civil dos EUA. A cerimônia foi acompanhada por 500 pessoas, entre elas as principais lideranças parlamentares, além de pessoas como o Nobel da Paz Elie Wiesel e o ator Richard Gere.

Em seu discurso, o 14º dalai lama, cujo nome é Tenzin Gyatso, defendeu o apoio a populações oprimidas e evitou declarações ofensivas à China.

¿ Gostaria de aproveitar a oportunidade para reafirmar categoricamente que não busco a independência. Busco uma autonomia significativa para o povo tibetano dentro da República Popular da China ¿ disse ele.

O Dalai Lama disse que encoraja os governos a negociarem com a China e disse ter apoiado a entrada do país na OMC e a realização das Olimpíadas do ano que vem em Pequim.

¿ Escolhi fazer isso com a esperança de que a China se torne um país mais aberto, tolerante e responsável.

Chanceler chinês diz que prêmio foi interferência

Antes da cerimônia, Bush deu uma entrevista coletiva. Perguntado por que compareceria à homenagem ao Dalai Lama, ele respondeu:

¿ Primeiro, admiro o Dalai Lama. Segundo, apóio a liberdade religiosa. Terceiro, gosto de ir às entregas de medalhas de ouro do Congresso.

Bush reconheceu que Pequim não gostou do prêmio.

¿ Eles não gostaram, claro. Mas não acho que isso vá prejudicar, de maneira muito séria, nossas relações.

A China exigira que Washington cancelasse a homenagem.

¿ Isso feriu seriamente os sentimentos do povo chinês e foi uma interferência nos assuntos internos da China ¿ disse o chanceler chinês, Yang Jiechi.

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