Título: Mato Grosso do Sul, com mais de 71 mil casos este ano, está em alerta
Autor: Carvalho, Ana Paula de
Fonte: O Globo, 19/10/2007, O País, p. 3

Novas notificações na fronteira com o Paraguai preocupam autoridades.

CAMPO GRANDE (MS). O registro de 11 casos de dengue esta semana em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, levou o governo de Mato Grosso do Sul a determinar nível de alerta. O superintendente de Vigilância em Saúde no estado, Eugênio de Barros, disse que, embora os casos ainda sejam apenas suspeitos, foi determinado o bloqueio das regiões onde moram os pacientes que apresentaram sintomas da doença.

Até meados do mês passado, haviam sido registrados 71.598 casos de dengue no estado. O ápice foi no período entre fevereiro e maio, quando foram computadas mais de 40 mil notificações. Barros disse que as medidas são preventivas e têm o objetivo de impedir que o estado enfrente o agravamento da epidemia, registrada no início do ano. Só na segunda semana de fevereiro foram 6.840 pacientes atendidos em Mato Grosso do Sul, mais da metade em Campo Grande.

Agentes chamam chaveiros e entram em casas fechadas

A Secretaria estadual de Saúde e as secretarias municipais adotam estratégias para tentar evitar que o problema se repita no verão, época em que os casos de dengue tendem a aumentar por causa do clima, que favorece a reprodução do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença. A principal ação é combater o mosquito. Agentes de saúde estão entrando nas casas fechadas onde há locais onde o mosquito pode se reproduzir, como piscinas desativadas, vasos de plantas, garrafas vazias e ralos. Os agentes estão autorizados a chamar um chaveiro e entrar nas casas fechadas, sem causar danos, para eliminar os focos do mosquito.

Para Eugênio de Barros, a epidemia de dengue em Mato Grosso do Sul no início do ano se deu em função de um conjunto de fatores, a começar pela acomodação das autoridades e da população. Não houve combate eficaz ao mosquito. O clima quente e chuvoso contribuiu para a proliferação do Aedes Aegypti, e as pessoas foram infectadas pelo vírus do tipo 3, que é muito mais agressivo e que traz complicadores viscerais e neurológicos.

Para o médico Eugênio de Barros, a população e as autoridades aprenderam a lição, ao perceberem que a dengue no estado não é mais só do tipo 1 e 2. Este ano, 31 pessoas morreram vítimas de dengue hemorrágica.

- A população agora está preocupada, porque viu que não é mais um vírus qualquer, e que esse vírus da dengue mata - afirmou Barros.

Depois desse trabalho, os casos de dengue caíram. Na primeira semana de junho, por exemplo, foram registrados 305. Esse número caiu para 18 na primeira semana de agosto e para um na primeira semana de setembro. Barros diz que o número de casos deve subir novamente com a chegada do verão, mas será com menos intensidade e menor gravidade.