Título: Entidades estão divididas
Autor: Doca, Geralda e Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 19/10/2007, Economia, p. 27

Grandes sindicatos apóiam cobrança opcional; comerciários reprovam.

BRASÍLIA. A emenda aprovada no fim da noite de quarta-feira na Câmara dos Deputados que torna opcional a cobrança do imposto sindical foi bem aceita pelos grandes sindicatos de trabalhadores, como o dos petroleiros (Sindipetro) e dos bancários de São Paulo. O presidente deste último, Luiz Cláudio Marcolino, defende categoricamente que nenhum profissional pague esse imposto. Para ele, o importante é que as entidades sejam bancadas pela sua base, que deve ser o mais sindicalizada possível.

De acordo com Marcolino, hoje, 60% dos bancários paulistas são filiados à entidade, com contribuição de 1% do salário mensal mais R$5, o que dá uma receita anual total de R$60 milhões. Ele argumenta que os sindicatos menores, e portanto com menos receitas via contribuições espontâneas, já tiveram muito tempo para buscar a união das suas categorias.

- Desde a década de 1980 se discute o fim do imposto sindical e, de lá para cá, buscamos aumentar nossa base de sindicalizados. Quem não fez isso pode sofrer mesmo agora - afirma, referindo-se à menor receita que os sindicatos terão, caso a emenda também seja aprovada no Senado.

Segundo o coordenador da secretaria-geral do Sindipetro, Emanuel Cancela, a cobrança compulsória deveria se restringir aos trabalhadores não sindicalizados e que, portanto, não financiam de maneira espontânea os sindicatos:

- Os sindicatos agem mesmo para quem não é filiado - diz.

No Sindipetro, 60% da categoria são filiados, com contribuição mensal de 1,5% do salário bruto. Todo o dinheiro que o Sindipetro recebe referente ao imposto sindical é devolvido aos trabalhadores. Os sindicatos recebem hoje cerca de 60% do capital arrecadado com o imposto.

Quem não tem base está de cabelo em pé com a emenda. O presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, Ricardo Patah, diz que é praticamente impossível a entidade continuar funcionando sem essas receitas, de cerca de R$9 milhões anuais. Com os filiados, são outros R$6 milhões.

- Essa emenda está a serviço das empresas, que querem enfraquecer os sindicatos - afirmou Patah, à frente de uma entidade que possui 40 mil sindicalizados, 12% da categoria. (Patrícia Duarte)