Título: ONU analisa prisões e assassinato de monges
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 19/10/2007, O Mundo, p. 34

Paulo Sergio Pinheiro mostrará situação grave em Mianmar ao Conselho de Direitos Humanos.

NOVA YORK. Mais de 500 monges desaparecidos, 1.300 prisioneiros políticos, proibição de visitas da Cruz Vermelha e representantes de organizações de direitos humanos, inclusive da ONU, além de relatos de tortura, de invasão de domicílios, de maus tratos, e de cerca de 200 assassinatos de manifestantes. Este é o balanço das violações de direitos humanos em Mianmar, com base em pareceres da Human Rights Watch e da Anistia Internacional, que será apresentado no dia 24, na próxima reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU pelo brasileiro Paulo Sergio Pinheiro, relator especial da entidade para questões de direitos humanos.

Nobel da Paz enfrenta problemas de saúde

Farão parte do relatório fotos recentes da líder do movimento pela democracia em Mianmar, a Prêmio Nobel da Paz Aung Sang Suu Kyi, que vive em prisão domiciliar, sofre com problemas de saúde e recentemente passou por uma cirurgia. E também imagens feitas por satélites, mostrando a destruição de cidades, depois que milhares foram obrigados a sair de áreas rurais.

¿ A situação de desrespeito aos direitos humanos é muito grave. Ainda estou aguardando autorização para entrar em Mianmar. E viajo no dia 29 para a Tailândia, a fim de visitar os campos de refugiados, que já têm mais de um milhão de refugiados. Estou mais esperançoso de conseguir autorização para visitar os presos políticos de Mianmar e especialmente visitar Aung Sang Suu Kyi porque estamos todos preocupados com seu estado de saúde ¿ diz Paulo Sergio Pinheiro.

Segundo o relator, há cerca de 500 mil monges no país, praticamente o mesmo número de integrantes das Forças Armadas, sendo que o orçamento nacional de Mianmar prevê 50% de gastos com os militares.

¿ Foi a primeira vez na história do país que autoridades usaram a força bruta contra monges. Há total ausência de liberdade de expressão e de religião, uma forte repressão social. O governo militar cometeu um erro muito grave e subestimou a visibilidade que teriam no exterior as cenas de monges espancados e mortos. Esse erro de avaliação da ditadura causou muito constrangimento à diplomacia dos países asiáticos e foi um dos responsáveis pelo apoio da China à resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU ¿ avalia Pinheiro.