Título: Aliados pregam entendimento com tucanos
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 20/10/2007, O País, p. 8

Avaliação é que não há chance de acordo com democratas.

BRASÍLIA. Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Senado reforçam a necessidade de um diálogo efetivo com o PSDB para conquistar os votos necessários para aprovar a CPMF - 49 do total de 81. O presidente interino da Casa, Tião Viana (PT-SC), e o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), defenderam ontem a negociação do governo com os tucanos. Com o DEM, outro grande partido de oposição, não há possibilidade de acordo.

- Começa um movimento do governo de busca dos partidos que têm sensibilidade para o diálogo, como o PSDB, que tem posições firmes, quer uma redução escalonada (da CPMF). O governo deve buscar o entendimento não só com o PSDB, mas com todos os partidos que têm interesse em expor suas convicções - disse Tião Viana.

- Se o governo acenar com uma redução da alíquota, mesmo que seja a longo prazo, o PSDB aceita discutir - disse Raupp, que tem mantido contatos diários com os tucanos.

Raupp insiste em isenção para faixa de até R$2,5 mil

Valdir Raupp disse que o governo pode ainda negociar o piso de R$2.500 para a isenção da CPMF, para quem tem uma conta bancária e uma conta-poupança, já que a Receita Federal considerou inócua a isenção do tributo para a faixa de R$1.200, proposta em discussão no Senado. O PSDB diz que essa proposta não seduz, porque não implica redução da carga tributária. Mas, somada a uma futura redução da alíquota, a proposta pode ajudar na negociação.

Para Pedro Simon (PMDB-RS), da ala do partido que faz oposição ao governo, o Planalto será, mais uma vez, vitorioso. Ele disse acreditar que a prorrogação da CPMF até 2011 será aprovada pelo Senado com o mesmo texto que já passou pela Câmara, porque o poder de barganha do governo desequilibra a disputa:

- A CPMF vai passar no Senado. Lamentavelmente, o governo compra consciências e, se tem dito que vai passar, é porque sabe que vai passar - disse Simon, que ainda não decidiu como votará. -- É preciso que a bancada se reúna para discutir o assunto, o que não tem acontecido. Hoje, a nossa posição é muito difícil. Na Câmara, o mecanismo usado foi o de liberar as emendas de deputados e atender as indicações dos parlamentares para cargos públicos.