Título: Rio promove ato contra violência no trânsito
Autor: Cândida, Simone
Fonte: O Globo, 20/10/2007, O País, p. 14

Cerimônia ecumênica aos pés do Cristo reúne governador, ministro e vítimas de acidentes; Detran lança campanha.

Com o Cristo Redentor como cenário, líderes religiosos, autoridades e vítimas de acidentes de trânsito reuniram-se ontem de manhã no Rio, numa cerimônia ecumênica a favor da paz no trânsito. O ato faz parte da campanha ¿Imprudência, não!,¿ do Detran-RJ, e contou com a presença do ministro das Cidades, Márcio Fortes, que, emocionado, falou da dor de perder um filho, Marcel Fortes, aos 22 anos, num acidente de carro na Praia de Botafogo, em 2004.

¿ É um depoimento de dor, e eu tenho que me controlar. Os pais têm que orientar e cobrar dos filhos. Todos somos responsáveis. E temos que cobrar daqueles que bebem na direção, que se acham super-homens, porque só assim vamos conseguir evitar essas mortes ¿ disse Márcio Fortes, arrancando lágrimas de boa parte do público.

O governador Sérgio Cabral anunciou que, na segunda-feira, enviará mensagem à Assembléia Legislativa proibindo a venda de bebidas alcoólicas nas estradas estaduais.

¿ O trânsito é a maior causa de morte no país, apesar de toda a violência urbana. A proibição de venda de bebida nas estradas vai ajudar a diminuir essas estatísticas ¿ disse Cabral.

Márcio Fortes, que perdeu filho, cobrou mais fiscalização

Sob forte névoa, a cerimônia foi realizada por líderes das igrejas Católica, Presbiteriana, Anglicana, Assembléia de Deus, Batista, Luterana, Metodista, com apresentação da atriz Miriam Rios e participação do Coral Canta Detran. Turistas que visitavam o cartão-postal assistiram ao evento. Outro momento emocionante foi o depoimento do carioca Fábio Fernandes, que ficou tetraplégico num acidente em 1999, na Barra.

¿ O acidente não me deixou apenas tetraplégico. O que é bem pior: fez minha família sofrer e se desestruturar ¿ contou o jovem.

O ministro Márcio Fortes cobrou a presença de mais policiais de trânsito nas ruas, principalmente nas noites de sexta-feira e sábado, quando acontece a maioria dos acidentes:

¿ Temos uma média nacional de cem mortes por dia no trânsito. Não é possível falar em fatalidade. Há uma série de ações e fatores que podem evitar isso: mais pardais, lombadas eletrônicas e policiamento. Não adianta apenas punir, multar e tirar a carteira. Temos que intensificar campanhas de orientação da sociedade e intensificar as fiscalizações para evitar que os acidentes aconteçam.

Na cerimônia, foi lançada campanha do Detran que faz uma analogia entre os sete pecados capitais, as setes mortes diárias por acidente de trânsito registradas no estado e o fato de o Cristo ter sido eleito uma das sete maravilhas do mundo.