Título: Ninguém sabia dar informação alguma
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 23/10/2007, O País, p. 3

Passageiros prejudicados por atrasos reclamam de empresas e buscam indenização.

SÃO PAULO. O produtor gráfico Vítor Manes viajou com a mulher para assistir à corrida de Fórmula 1 em São Paulo, mas a volta ao Rio nada teve de veloz. Ele embarcaria às 21h30m de domingo de Congonhas para o Santos Dumont. Foi pego de surpresa pela chuva e quase teve o vôo cancelado quando o aeroporto paulista, que fecha às 23h, encerrou o expediente. Segundo Manes, com as reclamações, a Gol conseguiu um vôo de Guarulhos para o Galeão e levou os passageiros de ônibus até o outro aeroporto:

¿ Em Guarulhos, só havia tumulto e confusão. Ninguém sabia dar informação alguma, gerando muita reclamação. Não havia aeronave nos aguardando. Só conseguimos embarcar às 2h30m e chegar ao Rio às 4h.

O que mais revoltou Manes foi a falta de preocupação com o bem-estar dos passageiros, que não tiveram o que comer. Muitos estavam com crianças pequenas. Ele, que documentou a viagem com fotos e vídeo, afirmou que processará a empresa.

A arquiteta carioca Flavia Silvério, de 28 anos, grávida de cinco meses, deveria sair do Rio para São Paulo no domingo. Teve seu vôo remarcado para ontem cedo, mas o avião chegou a São Paulo mais tarde que o programado. Resultado: perdeu uma aula importante que deveria ministrar em São Paulo. Tentou resolver o caso no Juizado Especial do Aeroporto de Congonhas. Esperou mais duas horas em vão. Voltou para casa chorando.

Outro acordo que não foi fechado foi o do gerente de vendas Paulo Sérgio Brito. Ele tinha viagem marcada pela TAM para 8h, com destino a Florianópolis. Brito afirma que chegou às 7h em Congonhas, mas não conseguiu fazer check-in eletrônico. Depois de meia hora no balcão da empresa, conseguiu ser atendido por uma funcionária que, segundo ele, pegou sua identidade e só devolveu às 7h55m.

¿ Eles me colocaram em um vôo às 13h45m, alegando que o das 8h estava lotado ¿ contou Brito, ainda de manhã.

Por causa do atraso, ele alega que perdeu uma venda em Florianópolis. Pediu indenização de 20 salários mínimos à empresa aérea.

¿ Mas eles ofereceram R$200, e eu não aceito. Vamos resolver na Justiça.

A TAM informou que tem como política oferecer auxílio aos passageiros em caso de atraso acima de quatro horas ou cancelamento de vôos. Nesses casos são oferecidos alimentação, traslado e hotel, se necessário. Para passageiros que moram na cidade em que houve o problema, a hospedagem não é oferecida.

Em nota, a Gol afirmou que os atrasos foram causados por problemas meteorológicos e devido ao grande tráfego aéreo na cidade. Segundo a empresa, todos os passageiros receberam assistência necessária. Questionada sobre casos em que os passageiros não receberam hotel ou alimentação, a Gol não se pronunciou.

* Do Diário de S. Paulo