Título: De novo o caos em Congonhas
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 23/10/2007, O País, p. 3

Panes e ventos fecham aeroporto de SP, provocando efeito cascata em outros estados.

Acrise que tinha dia e hora para acabar voltou a castigar passageiros nos aeroportos brasileiros desde anteontem à noite, com longas filas, atrasos e cancelamentos de vôos. O pivô do caos foi, mais uma vez, Congonhas, em São Paulo. No domingo, o aeroporto foi fechado das 20h41m às 21h05m, o suficiente para provocar atrasos em diversos outros aeroportos ao longo de todo o dia ontem. Foi um efeito cascata, que atingiu também o Aeroporto de Guarulhos. Ontem de manhã, em Congonhas, quase 50% dos vôos saíram com atrasos superiores a uma hora.

Centenas de passageiros passaram a madrugada e a manhã de ontem no saguão de Congonhas. A Polícia Militar foi chamada porque os passageiros se aglomeraram em frente aos balcões da TAM e da Gol para exigir prioridade nas partidas da manhã.

O mau tempo e uma pane na freqüência de rádio usado na comunicação entre pilotos e a torre de comando, além do aumento de passageiros por causa do GP de Fórmula 1 em Interlagos, teriam sido as causas da interrupção das decolagens.

Passageiros diziam, no fim da noite, que nenhum funcionário da TAM ou da Gol explicava o motivo do cancelamento das partidas.

¿ Pedi para ficar num hotel, mas o gerente da TAM disse que a empresa não garantia isso e que era melhor entrar na Justiça ¿ contou o empresário Arno Aldrovandi, de 52 anos, que saiu de Santa Catarina para assistir, domingo, ao GP de Fórmula 1.

Aldrovandi tinha que embarcar para Joinville (SC) às 20h45m de anteontem. Ele estava no Aeroporto de Congonhas desde as 16h. Por volta das 23h, ficou sabendo do cancelamento.

¿ De madrugada tive que enfrentar mais quatro horas para conseguir uma nova passagem ¿ contou ele, que conseguiu vaga num vôo das 7h30m, que só saiu às 13h30m.

O administrador Hamilton Gomes Sousa, de 34 anos, também não conseguiu embarcar num vôo de anteontem para São José do Rio Preto. Chegou por volta das 17h a Congonhas, e só soube do cancelamento dos vôos às 23h. Como não queria dormir no aeroporto, gastou cerca de R$340 entre táxi, hospedagem e alimentação.

¿ Pedi que me pagassem pelo menos o hotel. Disseram que estava todo mundo querendo o mesmo e me viraram as costas ¿ protestou.

Ao chegar ao aeroporto, ontem cedo, Sousa tentou no Juizado Especial que a Gol o ressarcisse do valor gasto com o hotel. Ficou duas horas esperando na fila da Justiça. Acabou desistindo para não perder o vôo que sairia às 13h40m.

Espera também no Juizado Especial

Às 19h de ontem, o painel de atrasos da Infraero indicava que 34,1% dos 211 vôos planejados para o dia em Congonhas ¿ 72 no total ¿ decolaram ontem, até aquele horário, com mais de uma hora de atraso.

O Juizado, desde o início do mês, bate recorde de procura. Segundo o Tribunal de Justiça, foram 45 reclamações, mais que o dobro da média diária de atendimentos dos juízes de plantão. Ontem, foram feitos 12 acordos entre passageiros e empresas.

Os vôos programados para Congonhas no domingo à noite foram desviados para outros aeroportos, como Galeão e São José dos Campos, além de Guarulhos, que também ficou fechado devido ao mau tempo das 20h41m às 21h13m, mas recebeu na madrugada os vôos ¿atrasados¿ de Congonhas, que fecha às 23h.

A assessoria de imprensa de Congonhas informou que os atrasos de ontem foram efeito de anteontem, porque os passageiros que não conseguiram embarcar domingo tentaram se encaixar em vôos ontem. E a demanda por vôos de Congonhas era acima do normal no domingo por causa da Fórmula 1. Por outro lado, Congonhas amanheceu sem aeronaves no pátio, o que teria atrasado os vôos matinais.