Título: Cisco: mantida prisão preventiva de envolvidos
Autor: Aggege, Soraya e Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 26/10/2007, Economia, p. 31

MP quer também a detenção por tempo indeterminado de executivos soltos, além dos 6 que continuam presos.

SÃO PAULO. A pedido do Ministério Público Federal (MPF) a Justiça manteve, em decisão anunciada no início da madrugada, a prisão preventiva por tempo indeterminado dos seis executivos que já estão presos pela Operação Persona - entre eles, o ex-presidente da Cisco no Brasil Carlos Roberto Carnevali - e de pelo menos mais quatro outras pessoas. Todos são acusados de participar de um esquema de sonegação fiscal que teria causado prejuízo de R$1,5 bilhão aos cofres públicos.

Segundo informações do MPF, o novo pedido de prisão inclui executivos das empresas envolvidas (Cisco e a distribuidora Mude) que já estiveram presos e foram soltos na semana passada. Os procuradores argumentaram que isso seria necessário para auxiliar nas investigações. No primeiro minuto de hoje vencera o prazo das prisões temporárias de seis envolvidos.

Ministro da Justiça nega que PF tenha vazado documentos

Ontem, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou pedido de habeas corpus em favor de Carnevali, preso desde a semana passada. Dos 40 presos inicialmente pela Operação Persona, que investiga crimes fiscais, 34 já foram libertados, entre eles o presidente da Cisco no Brasil, Pedro Ripper. Carnevali teve o pedido de habeas corpus negado pelo ministro Felix Fischer, do STJ.

A situação de Carnevali se agravou após a operação da PF. Além do suposto envolvimento nas fraudes, foi flagrado em um grampo da Polícia Federal, em um suposto suborno. Ele e outros envolvidos teriam relatado uma "doação" de R$500 mil ao PT. Além de Carnevali, continuavam presos até o início da noite de ontem José Roberto Pernomiam Rodrigues, Helio Benetti, Cid Guardia Filho, Moacyr Sampaio e Paulo Roberto Moreira.

Pernomiam, diretor da empresa Mude, é apontado como elo de um possível vazamento da operação. Segundo o MPF, foram apreendidos documentos da própria operação com Pernomiam. De acordo com o jornal "O Estado de S.Paulo", a investigação indica que o governo federal teria feito o vazamento. Pernomiam também participou das conversas sobre a doação ao PT.

Em São Paulo, o ministro da Justiça, Tarso Genro, eximiu a PF de responsabilidade no vazamento de informações.

- O documento não saiu da PF e, se depender de nós, não vai vazar mais - disse o ministro, após participar de assinatura de convênio do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).

Justiça mantém bloqueio de estoque da distribuidora

A Justiça Federal decidiu ontem manter o bloqueio de mercadorias e estoques da empresa Mude. O juiz federal Alexandre Cassetari, da 4ª Vara Federal Criminal, indeferiu o pedido de restituição ou liberação de mercadorias do estoque da empresa. Segundo ele, a decisão não impediu o funcionamento da empresa.

"A empresa não foi lacrada ou fechada, e a determinação de busca e apreensão foi clara ao restringir os bens que seriam apreendidos; úteis à investigação. Com isso, embora seja certo que a busca e apreensão atrapalhe ou dificulte parcialmente o atual funcionamento da empresa, não inviabiliza ou impede seu funcionamento. A empresa pode continuar com suas normais atividades em relação aos seus demais negócios e operações comerciais", disse, em nota.